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Método, filosofia, trabalho. Os pilares por trás da Melhor Base do Brasil

Ano de 2018 termina de forma gloriosa para os Garotos do Ninho, enquanto aumenta a responsabilidade para 2019

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A frase "Craque, o Flamengo faz em casa" é uma das mais famosas do cenário futebolístico brasileiro. E, com certeza, algo que nunca envelhece ou perde o uso. O Flamengo continua, ano após ano, fazendo craques e vencendo em suas categorias de base. O ano de 2018 foi farto. No campo, 21 conquistas. No futsal, onde não há time adulto, nove. Foram 23 atletas convocados para seleções de base e dois na principal. 

Títulos nacionais e internacionais foram enfileirados na Gávea em todas as categorias. Gols assombrosos como o de Rodrigo Muniz, na Adidas Cup, em março, rodaram o mundo. Craques de extremo potencial, como Reinier, espantaram o Brasil. E três joias foram conquistar o planeta. Vinicius Junior se sagrou campeão mundial pelo Real Madrid; Felipe Vizeu já começou sua caminhada na Udinese e Lucas Paquetá defenderá as cores rubro-negras do Milan.

Em títulos, segura que a lista é grande. 

SUB-20: 
Copa São Paulo
Taça Guanabara
Campeonato Carioca
Trofeo Dossena (Itália)
Troféu Otávio Pinto Guimarães

SUB-17:
Generations Cup Adidas
Taça Guanabara
Evergrande Cup
Copa do Brasil

SUB-16:
Torneio de Dubai
Guilherme Embry


SUB-15:
Copa Nike
Taça Guanabara
Campeonato Carioca

SUB-14:
Donos da Bola

As categorias abaixo destas também conquistaram. Sub-7, 8, 10, 11... foram mais e mais taças levantadas durante 2018, mostrando que o Flamengo não é apenas uma equipe, mas uma filosofia. Jogadores sobem e descem de categoria para ajudar em partidas ou competições específicas. Crescem, mudam de fase, mas não mudam a forma de atuar e de representar o Mais Querido. Como explica o Gerente de Futebol de Base do clube, Eduardo Freeland, isso faz parte do método de jogar do Flamengo, da filosofia implantada desde a primeira categoria até o principal. 

"O clube tem as suas diretrizes muito claras, na forma e estilo de jogar. Todas as categorias seguem esse modelo. Claro, existem as particularidades de cada treinador e suas competências, mas o jogar do Flamengo tem um estilo próprio, pela identidade, história e cultura do clube. Esse jogar é baseado em princípios que direcionam a questão aplicada nas categorias e isso facilita muito a subida e a descida dos jogadores. Quando o atleta está em uma categoria e sobe à outra, ou retorna, ele tem muito claro que suas funções estão encaixadas dentro desse modelo de jogar do Flamengo”, detalha Freeland. 

E isso se vê com as equipes e suas mudanças constantes. Na conquista da Copa São Paulo, em janeiro, diversos jogadores precisaram sair para compor o time profissional que disputava o Campeonato Carioca. Lincoln, Vinicius Junior, Matheus Thuler, Klebinho, Jean Lucas e Gabriel Batista abriram espaço na equipe e o técnico Mauricio de Souza precisou chamar atletas nascidos em 2001, 2000 e até 1998. Mas como a filosofia e métodos são os mesmos, bastou vestir o Manto e entrar em campo. 

A Copinha, aliás, foi a quarta na história do clube, a terceira num espaço de sete anos. Outro exemplo da filosofia dita pro Freeland. Os jogadores crescem e mudam, mas o sistema Flamengo permanece. 

“O fato de o Flamengo ter um estilo de jogo claro facilita muito. Além disso, é muito fácil destacar que a equipe técnica do clube tem um ambiente de trabalho formidável, reuniões permanentes onde estamos discutindo as questões metodológicas. As categorias que se aproximam estão sempre em sinergia discutindo os atletas. “Os coordenadores cuidam para que a comunicação seja ainda mais presente entre as Comissões Técnicas, o que facilita muito a adaptação dos atletas para atuar nas categorias de cima ou de baixo”, diz Freeland.”



A melhor base do Brasil, sem aspas, fez de 2018 o seu ano, o que aumenta as responsabilidades para 2019. Com a inauguração do novo módulo do Ninho do Urubu para a equipe profissional, as divisões de base serão alocadas no módulo anterior, já um dos melhores do Brasil e que ainda passará por algumas adaptações. 

Para Freeland, isso trará lógicas vantagens, mas também um novo trabalho psicológico com os atletas. Afinal, são jovens em uma fase da vida onde o deslumbramento rápido é um risco enorme e não pode tomar o espaço do foco e da determinação na busca por mais títulos. 

“A gente acredita que a parte estrutural é muito importante para desenvolver os jogadores. Não podemos dar um conforto desproporcional à fase de idade que ele tá vivendo para que não perca a motivação para ganhar novos desafios no seu desenvolvimento. A gente sabe que o módulo do profissional é de nível altíssimo. Teremos que ter cuidado com essa adequação. A expectativa é altíssima também. Estamos indo para uma nova etapa e seremos mais exigidos pelos resultados, mas sabemos da qualidade dos profissionais que vão herdar essa estrutura física. Teremos o melhor hardware para trabalhar o altíssimo nível de software que temos hoje”, aposta o Gerente da Base rubro-negra.

De fato, poucos clubes no Brasil possuem, para suas categorias de base, algo tão elevado quando o Flamengo oferece. E sem esses recursos o time já conquistou o que conquistou, imagina agora?

O objetivo é ganhar títulos e revelar jogadores, como sempre foi, além de formar cidadãos. O Flamengo não apenas joga a “molecada” em campo e espera goleadas Há todo um processo por trás da preparação, para que os jogadores, do mais aplicado ao mais diferenciado, tenham todos o mesmo tratamento, se sintam parte de um coletivo e assim, as individualidades possam aparecer em benefício do grupo. 



Quando um craque começa a surgir, o Flamengo já atua em três frentes para evitar derrapagens no caminho. “O fato de jogar pelo Flamengo já gera uma expectativa e mudança nas questões extracampo. O clube já tem que ter um olhar de envolver esse atleta para que ele esteja focado”, explica Freeland, que pontua a atuação do clube para lapidar suas joias sem pressa e com critério, o que será benéfico para todos no final.

“Com os atletas de maior destaque, o clube tem uma preocupação grande. Primeiro a questão dentro do campo, ter com eles a mesma relação com que temos com os demais. Mostrar que é um esporte coletivo e o individual vai se destacar quando entender sua participação nesse grupo. O clube, através de sua competente equipe interdisciplinar (Coordenadores, Psicólogas, Assistente Social, para citar apenas algumas) mantém um olhar atento a cada um desses jogadores. Além disso, contato constante com a família desses jogadores e com seus agentes também são determinantes para que blindemos ao máximo esses atletas de influências externas que possam atrapalhar o seu desenvolvimento. Desta forma buscamos preservar o bem-estar deles para que possam alcançar o melhor nível que podem.”

A fórmula surte efeito nas entrevistas e na postura dos jogadores. A seriedade tratada nos vestiários se transforma em títulos nos gramados e rende convocações para a as seleções brasileiras de base. Foram 23 convocados em 2018, desde o Sub-14 ao 20, e são nomes que praticamente garantiram presença para o ano seguinte, além dos novos que surgem constantemente. 

Convocados do Flamengo:

Sub-20: Hugo, Thuler, Patrick, Michael, Vinicius Jr, Lincoln e Vitor Gabriel
Sub-17: Ramon e Yuri Oliveira
Sub-16: Noga, Caio, Daniel Cabral, Reinier e Pedro Arthur
Sub-15: Christian, Diegão, João Pedro e Ryan Luka
Sub-14: Arthur Silva, Darlan, Vitinho, Matheus França e Petterson

O ano de 2018 termina glorioso. Mas o Flamengo quer mais. A Melhor Base do País não pode parar. Já no início de 2019 tem a Copa São Paulo e o Sub-20 vai buscar o penta, além do bi consecutivo. Fato raro e muito difícil, mas o time conta com muitas caras da conquista anterior e novos nomes cheios de vontade de brilhar. Em 2019, a base vem (muito mais) forte, pode apostar.