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A emoção da despedida: Juan encerra carreira ao lado da Nação

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No dia anterior à despedida, Juan falava sobre a felicidade por ver o quanto seus companheiros de equipe estavam orgulhosos por viver esse momento com ele. A despedida não é fácil, mas certamente fica um pouco menos dolorosa quando as pessoas ao seu redor estão fazendo de tudo para que o seu dia seja o mais especial possível. E foi isso que aconteceu.


Às 18h51, o ônibus do Flamengo chegou ao Maracanã, estacionou em seu lugar usual e abriu as portas. Os jogadores começaram a descer, um por um. Entre os primeiros, Juan apareceu. Solícito, atendeu a imprensa como jogador profissional uma última vez. Andou pelos corredores já conhecidos, brincou com aqueles que fizeram parte de sua rotina diária por tantos anos e seguiu pelo caminho do vestiário. O camisa 4 não estava calmo, dava para ver em cada centímetro de seu corpo. Mexendo as mãos, olhando para todos os lados. Aqueles detalhes tão particulares agora eram fundamentais para sua memória.

Seria a última caminhada.

A primeira homenagem foi às 20h19. Chamado ao gramado, Juan seguiu concentrado, talvez por sua já famosa timidez. Do túnel de acesso, ele assistiu ao vídeo que mostrava momentos chave de sua carreira. Com lágrimas nos olhos, mas sem derramar uma gota, ele passava as mãos no rosto como se tentasse a todo custo esconder as emoções daquele momento. Juan nunca foi de expressar o que estava sentindo, mas a gente sabe, se prestar atenção, exatamente o que ele está querendo dizer.

O aquecimento veio logo depois. Com todos os companheiros de elenco, ele fez um rápido discurso falando sobre a estreia, pediu foco e puxou a fila para a entrada no gramado. Viveu aqueles minutos com a leveza de um garoto. Voltou ao vestiário e colocou o Manto Sagrado. Era hora de começar de vez os 90 minutos finais de um lindo conto de amor. Às 20h52, o Flamengo entrou em campo para enfrentar o Cruzeiro.

Atento, Juan viu do banco de reservas o gol que empatou a partida no Maracanã. Dos pés de Bruno Henrique saiu aquele que seria o primeiro de três. O capitão levantou, comemorou com o grupo que estava junto e aplaudiu o camisa 27. Às 22h14, já na etapa final, o elenco foi chamado para o aquecimento e a Nação gritou, a plenos pulmões, o nome de seu camisa 4, que os reverenciou.

A virada veio 10 minutos depois, também dos pés de Bruno, que correu na direção do setor norte, onde o restante da equipe aquecia. Um abraço coletivo, um grupo, um só. O mar vermelho e preto nas arquibancadas se confundiu com aquele formado no gramado. Fomos um.

Já com 40’ do segundo tempo, a Nação começava a pedir por Juan em campo. Dois minutos depois, Gabigol fez o terceiro do Flamengo e o camisa 4 saiu correndo para celebrar os momentos finais daquele dia. Em seguida, foi chamado por Abel Braga, aplaudido pela torcida e pela comissão técnica. Entrou no lugar de Everton Ribeiro para viver seu momento final. Diego entregou a faixa de capitão e ele pisou no gramado mais uma vez.

A cada toque na bola, a Nação aplaudia como o ídolo merece. É, Juan. A Nação jamais vai esquecer. Foi pouco tempo para dizer adeus. Talvez nem um mês, um ano, um século fossem suficientes para que nos acostumássemos com a ideia de não tê-lo mais abrilhantando nossa zaga.

Após o apito final, o capitão foi jogado para cima por seus companheiros e passou por todo Maraca. Setor por setor, torcedor por torcedor. Juan cumprimentou cada um, esboçou o sorriso mais sincero e agradeceu, mesmo sem palavras, por todos os anos de amor e cumplicidade. Abraçado em Julio Cesar, seu eterno irmão de jogo e de vida, o zagueiro finalizou sua despedida, subiu as escadas e deixou o sagrado gramado que tanto o ensinou.

Juan sorriu como nunca antes. Fez questão de reafirmar sua paixão pelo Flamengo, pela Nação e por todos que fizeram parte deste momento. Você vai fazer falta, capitão. Como disse seu filho e toda torcida nas arquibancadas, é o melhor zagueiro do Brasil.

Nós te amamos, Juan. Obrigada por tudo.