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BuzzFla: Flamengo e a Nação. A força única.

Hoje tem partida de mata-mata. E separamos alguns momentos que a energia da arquibancada empurrou o time em campo

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A simbiose da Nação Rubro-Negra com o Flamengo é algo único e mundial. Isso até um monge tibetano que está há 60 anos fazendo voto de silêncio no alto de uma montanha sabe. Mas a cada vez que uma partida decisiva se aproxima, essa ligação sempre é lembrada. Várias foram as vezes que o time precisou da força da arquibancada para vencer um jogo e ela veio. Empurrado pela massa que nunca deixou de acreditar, o Mengão conseguiu vitórias que pareciam querer fugir pelos cantos do gramado do Maracanã. 

Nesta quarta-feira, o Mais Querido vai abrir a série de oitavas de final da Conmebol Libertadores contra o Cruzeiro, buscando abrir uma vantagem significativa para garantir mais uma classificação para as quartas na volta, em Belo Horizonte. E, para isso, contará mais uma vez com a força da arquibancada. O Maior Espetáculo da Terra estará lá, presente para ajudar o time. 

No BuzzFla de hoje, relembramos alguns momentos em que a torcida do Flamengo foi essencial para conquistar uma vitória importante. Você lembra de alguns? Então confira abaixo. 

1. Para ganhar o Brasileiro



A final do Campeonato Brasileiro de 1980 foi, provavelmente, a maior de todas da história da competição. Sempre é lembrada pelos dois maiores públicos somados, do Mineirão e do Maracanã, como um duelo entre dois craques apontados com os maiores de seus times. Zico, claro, pelo Flamengo, e Reinaldo, no Atlético-MG. 
No jogo de ida, em Minas, o Atlético venceu por 1 a 0. Jogaria no Rio com a vantagem do empate. Comemoraram. No vestiário, Junior viu Raul preocupado e lhe disse “não fica assim. Você acha que com Zico e a torcida, a gente não leva no Maracanã?”. Ele sabia. E não deu outra. 

Foram 154.355 torcedores. O Atlético levou um pessoal. O Flamengo entupiu o estádio. E a Nação não parou de gritar desde o início. E foi no início, aos sete, que Zico lançou Nunes para abrir o placar e explodir a torcida.

O empate atleticano veio,  Zico colocou o Mengão na frente de novo, Reinaldo empatou mais uma vez e aí coube à mística. Aos 37 do segundo tempo, o empate favorecia ao time mineiro. Foi quando Nunes, no canto esquerdo do ataque, ali na cara da geral, driblou Silvestre e fez o gol da vitória. O gol que fez a torcida gritar sem parar e ensurdecer qualquer jogador atleticano e garantir o título. Foi quando o Brasil viu pela primeira vez tamanha força junto a um time. 



3. O tri veio com a massa

No Brasileiro de 1983, o cenário de 1980 se repetiu. O Flamengo perdeu a partida de ida para o Santos e precisou reverter no Maracanã. O – agora para sempre – maior público da história do Campeonato Brasileiro se fez presente no estádio naquele 29 de maio para ver o Rubro-Negro reverter o placar adverso. 
E, tal como em 1980, logo no início saiu o gol. E bota início nisso. Cinquenta segundos de jogo e Zico fez 1 a 0. O Santos ficou atordoado e Leandro ampliou, fazendo o gol que dava o título ao Mengão. 



O Santos acordou. Sabia que um gol colocaria tudo a perder para o time carioca e foi para cima. Mas deixou Robertinho livre na direita. O ponta ouviu os gritos da geral de “vai, vai” e foi. Fez um carnaval com a bola antes de cruzar para Adílio fazer o terceiro, matar o jogo e transformar o Maracanã num tsunami rubro-negro que jamais será superado em todo o futuro do campeonato. E foi o dia que a massa, mais uma vez, empurrou o time. Empurrou Robertinho, levantou Adílio e soprou a bola para o fundo da rede. Mengo tricampeão. 

4. Até São Judas Tadeu estava na arquibancada

Quarenta e três minutos. Um gol para todos celebrarem. A vantagem era vascaína. O tri carioca era uma possibilidade distante, mas ainda real no coração dos torcedores do Flamengo presentes ao Maracanã naquele 27 de maio de 2001. 

A decisão podia quebrar a sequência de dois títulos seguidos do Flamengo em cima do rival. Uma sequência escrita ao lado da torcida. Nas três decisões, o time tirou da arquibancada a força necessária para superar uma equipe melhor tecnicamente e com jogadores mais consagrados. 



Em 1999, Romário saiu cedo na final e o Vasco de Edmundo ficou mais favorito ainda. Sem seu principal jogador, o Flamengo teve que se reinventar em campo e na garra, com o grito da torcida que, mesmo com um time inferior, era grande maioria na arquibancada. E foi assim até Rodrigo Mendes fazer de falta o gol do título. Depois, no grito e na bola, o Flamengo segurou o Vasco e levantou a taça. 

No ano seguinte, um Vasco mais forte ainda, agora com Romário ao seu lado, contra um Flamengo baleado e ferido. O orgulho estava abalado pela trágica partida da Taça Guanabara. A equipe comandada por Carlinhos se recuperou, venceu a Taça Rio e foi para a final contra o maior rival. 



Para ajudar o time, a Nação inovou. Ao invés dos gritos e bandeiras, usaram cornetas e apitos para soprar a cada vez que o Vasco pegasse na bola. Sabe as vuvuzelas da Copa da África? Foi bem pior. Havia raiva, orgulho e fé naqueles sopros. E assim, o Mengão meteu 3 a 0 no primeiro jogo, praticamente matando a série. Na segunda partida, as cornetas voltaram, a vitória por 2 a 1 veio e a Taça Guanabara estava paga com o segundo título seguido em cima do rival. 

Corta para 2001. O Flamengo buscava seu vigésimo primeiro título estadual. Contra ele, um Vasco campeão brasileiro. E que tinha a vantagem por ter vencido o primeiro jogo por 2 a 1. Era o cenário mais difícil dos três anos. 

Edílson fez 1 a 0. Ainda não bastava. Precisava surgir outro gol. Viola empatou. A vantagem era novamente enorme e vascaína. Edílson fez outro. Faltava um. E chegou São Judas Tadeu (RODRIGUES, Washington “Apolinho”) na arquibancada. Pet pegou a bola para bater a falta de sua vida. Quarenta mil mãos se estenderam na torcida do lado esquerdo das cabines. A bola voou. Quarenta e três minutos. Entrou. Gol. Não foi só o Pet. Foi tudo que se juntou ali. Tricampeão. 



5. Levantou poeira

Nunca se grita olé contra o Flamengo antes da hora. A torcida do Fluminense cometeu esse crime e pagou com a pena capital. Felipe foi o juiz e Roger o carrasco que executou a pena. Em 2004, pelo estadual, o clássico levou cerca de 60 mil pessoas ao Maracanã. Jean abriu o marcador para o Flamengo, mas Rodolfo e Romário, duas vezes, viraram e ampliaram para o Flu. 



Eles começaram a gritar olé. Em minoria absoluta, quase não se ouvia do outro lado do estádio, mas gritaram olé. A Nação respondeu evocando o hino e em seguida contou ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro. Felipe ouviu e diminuiu. O Fluminense sentiu o golpe. A poeira começou a levantar. Felipe achou Roger e o lateral empatou. Já não se ouvia mais nada do lado direito das cabines de rádio. Do esquerdo, uma poeira inédita se levantava. Roger fez mais um e aí sim, não tinha mais como parar. “Poeira, levantou poeira”, gritava a plenos pulmões a Nação Rubro-Negra em total orgulho e paixão. E o olé mudou de lado. Mas não tinha mais ninguém deles para ouvir. 

6. O Tema da Vitória

O ano era 2009. Uma música que embalou um ídolo nacional nas pistas, agora empurrava o time nacional nos campos. Um Flamengo incansável foi vendo a oportunidade de ganhar o Brasileiro aparecer a cada rodada. Saindo lá de trás, contra times que possuíam muito mais pontos, o Mengão foi comendo pelas beiradas e no seu autêntico estilo “deixou chegar”, chegou. 



Na “decisão” contra o Grêmio, uma vitória bastava. No dia 06 de dezembro, mais de 80 torcedores encheram o Maracanã para ver a consagração de Adriano e Petkovic, os craques daquela equipe. Porém, mesmo enfrentando um Grêmio desfalcado e desinteressado, a bola teimava em não entrar. O nervosismo tomava conta dos jogadores. Mas não da torcida. O tema da vitória de Ayrton Senna empurrava o Flamengo. 

Eu sempre te amarei
Onde estiver, estarei
Óh meu Mengo!

Tu es time de tradição
Raça, amor e paixão
Óh meu Mengo!



E foi ao som desta melodia, que entrava nos ouvidos dos jogadores, que Petkovic bateu aquele escanteio e Ronaldo Angelim cabeceou para fazer o gol da vitória. A torcida acreditava. O time acreditava. O Maracanã acreditava. O hexa veio porque o Flamengo é um time de tradição, raça, amor e paixão. 

7. Até o fim. 

Se o Cruzeiro é o rival de hoje, relembramos então a Copa do Brasil de 2013. No primeiro jogo, na casa deles, vitória por 2 a 1. Eram favoritos, futuros campeões brasileiros. Uma partida muito difícil se desenhava para o Flamengo. 

Elias só teve a escalação confirmada um pouco antes da partida. Quando seu nome apareceu no telão, a torcida comemorou como um gol. Quase 50 mil rubro-negros naquela noite de 28 de agosto. Mas do outro lado havia um Cruzeiro forte e com o regulamento a seu favor. 

Raça, luta, dedicação, mas o gol não saía. Paulinho, Moreno, Hernane... todos tentavam, mas não conseguiam vencer Fábio. Foi quando, mais uma vez, a arquibancada falou. E gritou. E empurrou. Um gol era tudo que o time precisava. Mas tinha que ser sofrido. 



Oitenta e oito minutos depois de começada a partida, Paulinho desceu pela direita e cruzou para Elias aparecer como um raio e chutar sem chances para o goleiro cruzeirense. O gol da redenção, comemorado no meio da torcida com abraços e lágrimas. O gol da classificação. O gol que mostrou, mais uma vez, a força desta simbiose única. 

Hoje, no Maracanã, tem mais. Vamos, Flamengo!