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Candidatos ao Governo do Estado falam sobre o Flamengo

Sócios e torcedores rubro-negros podem conferir o que Luis Fernando Pezão e Marcelo Crivella pensam a respeito do esporte no Rio e sobre o nosso clube

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O Conselho Diretor do Clube de Regatas do Flamengo enviou aos candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro, Luis Fernando Pezão e Marcelo Crivella, uma série de perguntas sobre importantes temas de interesse do Clube.
Apresentamos abaixo estas respostas, mantendo o texto enviado por cada candidato sem qualquer edição ou alteração.


1. Qual sua visão sobre o esporte no Estado do Rio de Janeiro?

Crivella: O desenvolvimento mental e intelectual dos jovens é fortemente influenciado pela prática de esportes. Faz parte do processo educacional dos jovens ter uma vida desportiva saudável, seja praticando esportes, seja assistindo aos esportes.

Pezão: O esporte é a maior ferramenta de saúde que nós temos. É um instrumento de prevenção e tratamento de problemas causados pelo sedentarismo que a vida, às vezes, impõe devido à velocidade dos acontecimentos com que precisamos lidar, hoje em dia. Além dessa questão, temos no esporte um aliado para a educação porque a prática esportiva depende de disciplina e respeito, fatores fundamentais para a formação de uma sociedade com a mente saudável. Essa importância nos leva a fazer investimentos em diversas áreas para estimular a vida no esporte. Temos academias a céu aberto em todo o estado, com pessoas de todas as idades fazendo atividades físicas. Fizemos núcleos esportivos nas comunidades pacificadas, com pistas de skate, quadras de vôlei, vôlei de praia, basquete, futsal, campo de grama sintética e ciclovias. Adotamos o modelo de escolinhas esportivas, sempre trazendo um símbolo de sucesso para estimular as pessoas. Temos parceiros importantes como o craque Léo Moura, capitão e ídolo do Flamengo, que acabou de completar 500 jogos com a camisa rubro-negra. Entramos nas comunidades com o evento De Braços Abertos, uma corrida bem organizada e gratuita, que coloca nossas queridas favelas – Alemão, Vila Cruzeiro, Rocinha e outras – no calendário dos esportistas do Rio. No Morro do Borel, por exemplo, promovemos uma etapa do circuito de ciclismo radical, aproveitando as trilhas e a linda paisagem do local. Inauguramos o Campo da Chácara, uma quadra poliesportiva com treinos de futebol e aulas de ginástica para a terceira idade. Um local que era marcado pela guerra de facções, agora, é um espaço de lazer e prática de esportes. Essa é a maior conquista da nossa política de segurança, com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Nossa missão é tirar a guerra do tráfico e colocar a cidadania com os investimentos do estado e o esporte é o nosso braço direito nesse desafio.


2. O que os grandes clubes do Rio de Janeiro podem esperar do senhor como Governador?

Pezão: Um governador que vai trabalhar, diuturnamente, para melhorar a qualidade de vida da população, com segurança, saúde, educação e transporte de qualidade, além de cultura, lazer e cidadania a quem mais precisa. Os clubes podem esperar um governador parceiro, que trabalha sem parar pelo desenvolvimento econômico do Estado do Rio porque isso gera emprego, renda e permite melhorias na vida das pessoas. Com a atração de mais investimentos para o nosso território, o Governo do Estado estará trazendo também novas possibilidades de patrocínio para os clubes, o que contribui para uma gestão responsável como a que o Flamengo está fazendo, pagando dívidas e fazendo do clube uma instituição rentável. O desafio é enorme, mas trabalho e responsabilidade nos levam a superar as dificuldades e melhorar a situação dos clubes de futebol, que são verdadeiros patrimônios culturais e esportivos do Rio de Janeiro.

Crivella: Podem esperar meu empenho pessoal em ajudar a difusão dos esportes no Estado e democratizar sua assistência e sua prática.


3. Estamos a dois anos das Olimpíadas Rio 2016. O Flamengo, mesmo sendo um tradicional formador de atletas olímpicos, tem tido muitas dificuldades em obter apoios financeiros para esta área. Como o senhor irá incentivar o trabalho de clubes como o Flamengo na formação e manutenção dos atletas olímpicos?

Crivella: Estabeleceremos uma parceria com a Prefeitura do Rio para apoiar a formação de nossos atletas a fim de termos uma boa performance nas Olimpíadas.

Pezão: Nossa política é de parceria e trabalho integrado. Os clubes são os grandes formadores de talentos e os principais motivadores, que fazem as crianças e jovens se interessarem pela prática de esportes. O próprio Flamengo é um exemplo, com o caso do time de basquete. Uma gestão que conseguiu transformar o basquete do clube num negócio rentável e capaz de se sustentar com as próprias pernas, com um planejamento sério e o apoio da iniciativa privada. O resultado está aí. O Flamengo é multicampeão do NBB, ganhou a Liga das Américas e acabou de ser campeão mundial pela FIBA. Tanto sucesso levou o clube a ser convidado para jogar a pré-temporada com equipes da NBA. Quantas crianças vão começar a se interessar pelo basquete e por outros esportes a partir desse destaque alcançado pelo Flamengo? Esse é o modelo a ser seguido, mas sabemos que precisamos aproveitar melhor a estrutura e o poder de paixão dos clubes para atrair praticantes e investimentos privados. O poder público deve se unir aos clubes e às empresas que têm interesse para aproveitar as leis de incentivo e levar esse capital para dentro dos clubes, que possuem a competência e a estrutura para fazer a gestão desses esportes olímpicos e revelar campeões capazes de honrar a tradição do próprio clube e render medalhas ao Brasil.


4. O processo para obtenção de incentivos fiscais para o esporte é bastante burocrático e demorado. Como o senhor irá agilizar a entrega da documentação necessária de forma que clubes como o Flamengo, que sempre investiram nos esportes olímpicos, possam buscar empresas patrocinadoras para seus projetos esportivos?

Pezão: Como foi falado, pretendemos reforçar a integração desse tripé governo + clubes + empresas para facilitar o investimento privado, com o devido incentivo, e permitir que os clubes sustentem os seus departamentos olímpicos. As escolas, colégios e clubes menores de bairros são os responsáveis pela introdução das crianças no esporte, ainda de forma lúdica, mais voltado ao lazer e à prática de alguma atividade física para gerar saúde. Num segundo momento, entram os grandes clubes, que têm camisa forte, com as grandes empresas investindo e obtendo retorno de imagem e incentivos fiscais.

Outro ponto importante é a relação dos clubes e seus patrocinadores com a mídia. A empresa não pode ter a sua marca ignorada, quando apoia e coloca investimentos relevantes num esporte. É preciso reunir todos os envolvidos para um grande esforço em prol do desenvolvimento do nosso esporte. Com essa união, podemos iniciar uma nova era de presença da iniciativa privada nos esportes olímpicos.

Crivella: Vamos convocar os principais atores na política de esportes do Estado para formular conosco mecanismos de agilização dos procedimentos burocráticos para obtenção dos patrocínios. Faremos isso em regime de urgência, logo que se confirme nossa eleição.


5. Os custos cobrados pelo Consórcio Maracanã para se jogar no estádio são extremamente elevados quando comparados às demais arenas em todo o Brasil. Como o seu Governo pretende minorar este problema, de forma a permitir que o Flamengo possa efetivamente jogar suas partidas no Maracanã sem uma expressiva perda financeira?  Qual será a relação do novo Governo do Estado com o Consórcio Maracanã?  A concessão será mantida nos atuais moldes?

Crivella: Acho que essa é uma questão que terá de ser discutida com o Consórcio. Claro que não vamos interferir em contratos já feitos, mas acho que devemos encontrar um ponto de equilíbrio razoável entre espectadores, clubes e empresários.

Pezão: O Maracanã foi palco da final da Copa do Mundo de 2014 e será uma importante arena nos Jogos Olímpicos de 2016, mas é o cotidiano dos clubes no estádio o ponto que mais interessa à população. É no dia-a-dia do clube que a população do Estado do Rio mais vive o Maracanã. A concessão será mantida porque é o modo mais adequado de gestão desse espaço tão complexo, mas o diálogo deve se manter para todas as partes alcançarem um patamar mais adequado, em que o clube possa ter boas rendas, a concessionária tenha a sua contrapartida e o torcedor de todas as classes sociais possa frequentar o estádio.

Pretendo caminhar ao lado da população e o que as pessoas querem é um serviço de qualidade a um preço acessível. Entretanto, o clube precisa de boa arrecadação para arcar com os custos da concessionária e ter capital para investir em bons jogadores para atrair mais público. Então, o diálogo é o melhor caminho para encontrar a melhor forma de todo mundo sair ganhando, principalmente, o torcedor, que é a razão de ser do futebol.

O Maracanã permite a exploração setorizada, com valores diferenciados de ingressos, e isso é crucial para levar todos os públicos ao estádio. O próprio Flamengo já mostrou que consegue oferecer preços acessíveis para todos e, ainda assim, manter boas vantagens para os seus sócios. A torcida do Flamengo é do tamanho de uma nação, o que ajuda o clube a enfrentar esse desafio de manter a casa cheia e oferecer parte dos ingressos a preços mais baixos do que a média, mas é claro que o clube tem que faturar e o diálogo sempre deve estar aberto para a gente aperfeiçoar essa relação com a concessionária. Da nossa parte, estaremos dispostos a ajudar a levar mais gente aos estádios porque o futebol existe para o torcedor.


6. Em seu governo existirá algum plano de incentivo para a frequência dos estádios de futebol, tal como um vale esporte?

Pezão: Vamos pensar numa ação conjunta entre governo, clubes e empresas, que podem ser da iniciativa privada ou concessionárias de serviços públicos. Algo que estimule as pessoas, por exemplo, a comprar todo um pacote para ir aos jogos. Uma iniciativa interessante seria oferecer preços especiais para quem vai ao estádio usando o transporte público, com venda casada a preços mais baixos no metrô, no trem e nas barcas. Outro pensamento que tenha é estimular quem paga seus impostos e contas em dia. Podemos fazer um banco de pontos e a população somar esses pontos com o pagamento em dia ou débito em conta das contas de luz, de água, de gás. Seria um tipo de plano de milhagem em que os pontos pudessem ser trocados por ingressos, com o subsídio das próprias concessionárias e apoio do estado. São ideias que podem evoluir para um programa positivo que beneficie os torcedores.

Crivella: É algo que deveremos discutir com os clubes e os operadores dos estádios.


7. As empresas de transporte público recebem hoje do Governo uma compensação por gratuidades definidas pela legislação. O senhor pretende implantar algum mecanismo semelhante que possa compensar as perdas dos clubes com os benefícios existentes (apenas no Estado do Rio de Janeiro) como a gratuidade de ingressos nos estádios para crianças e para pessoas acima de 60 anos?

Crivella:  Vamos discutir também isso. Não quero adiantar decisões antes de tomar conhecimento integral das finanças do Estado. Mas adianto que alguma coisa será feita.

Pezão: Qualquer movimentação neste sentido depende de alterações na legislação, atribuição também dos deputados estaduais, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). De qualquer forma, a gratuidade de ingressos permite maior acesso para crianças e idosos. É algo positivo para a população e para os clubes, pois uma criança vai sempre acompanhada por adultos que pagam ingresso. Além disso, é parte do processo de fidelização do torcedor, pois as crianças e idosos também consomem a marca do clube de outras formas. O benefício dessas pessoas é lei e o cumprimento é obrigatório. Nós estamos dispostos a ajudar os clubes a aproveitarem a presença dessas pessoas com alternativas de arrecadação, como a disponibilização de produtos oficiais no estádio. As crianças e idosos também são consumidores apaixonados por seus clubes. O melhor caminho, nesse caso, não é cortar o benefício, mas aproveitar melhor esse potencial de consumo.


8. O Flamengo tem, na Gávea, a possibilidade concreta de fazer um pequeno estádio de futebol – para até 25.000 pessoas. O seu governo aprovaria a construção deste pequeno estádio na sede social da Gávea, liberando as licenças de construção para uma obra nestes moldes?


Pezão: Sabemos que esse é um projeto que se transformou num sonho para alguns diretores do Flamengo. O plano é ambicioso e merece atenção, mas sabemos que o clube precisará passar pelo processo legal. A área ocupada pelo Flamengo foi cedida pela Prefeitura do Rio e não pode ser usada para fins lucrativos. Para isso, são necessárias as devidas autorizações. Há também a necessidade das licenças legais para a obra. O terceiro ponto é a aprovação dos moradores. Uma obra desse porte precisa ser pensada em conjunto com as associações dos bairros do entorno. Teremos, em 2016, três estações da Linha 4 do metrô nos arredores da sede do Flamengo: as estações Gávea, Antero de Quental e Jardim de Alah. Então, a questão da mobilidade poderia ser facilitada por esse investimento que já estamos fazendo, evitando que as pessoas fossem até o estádio de carro. Se for algo feito em comum acordo, seria uma alternativa interessante para jogos com menor apelo, que não precisassem do Maracanã. Mas tudo isso deve ser feito de acordo com as leis e tendo participação dos moradores em todo o processo, como está sendo feito com a Linha 4 do metrô. Houve audiências públicas, a população foi ouvida e a maioria aprovou. O Flamengo também está com o projeto de uma arena multiuso, principalmente, para o basquete, em parceria com o McDonald’s. Um clube campeão do mundo de basquete merece ter um palco moderno em sua sede. O mesmo vale para o futebol, mas sabemos que o impacto de um ginásio é muito menor que o de um estádio para 25 mil pessoas, pois a movimentação de uma partida ali poderia parar o Rio de Janeiro e ter reflexo até no trânsito de outras cidades da Região Metropolitana. Então, tudo dever ser muito bem planejado.

Crivella: É outra questão que deveremos discutir depois de termos pleno domínio da realidade das finanças do Estado. Além disso, devemos compatibilizar essa demanda com outras oriundas de outros clubes. Faremos o que for considerado justo, e importante para o desenvolvimento do esporte no Estado.


9. Alguns Governos estaduais e prefeituras patrocinam times locais de basquete e vôlei, além de esportes olímpicos. O seu Governo pensa em algum patrocínio como este?


Crivella: Vai depender de nossa realidade orçamentária. Contudo, tendo em vista as Olimpíadas, certamente encontraremos meios para apoiar o desenvolvimento dos esportes olímpicos no Estado.

Pezão: Qualquer possibilidade de patrocínio será analisada, particularmente. Se houver um projeto que possa ter o apoio do governo, vamos tentar viabilizar com a participação da iniciativa privada. Eu faço política com verdade e os torcedores e sócios do Flamengo devem saber quais serão nossas prioridades, se a população nos der essa honra, nos próximos quatro anos: a expansão da nossa política de segurança, com a instalação de UPPs e pacificação das comunidades; a melhoria do sistema de saúde, com investimentos em Clínicas da Família e UPAs especiais para crianças e idosos; o fornecimento de água para todas as casas da Região Metropolitana; modernização e ampliação do transporte de passageiros no metrô, trem, barcas e BRTs;  expansão do programa Dupla Escola, com educação profissionalizante e ensino em tempo integral, a 100 unidades do estado; e o desenvolvimento da educação para o alcance do topo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – já tiramos da 26ª colocação e estamos em 4º lugar. Esse é o nosso plano de trabalho e contamos com o voto de confiança da população do Estado do Rio de Janeiro para colocar tudo isso em prática, como já provamos que somos capazes de fazer.