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Bap fala sobre a evolução do Marketing rubro-negro

Em entrevista, vice-presidente da pasta reforça a importância do sócio-torcedor

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Na última parte do bate-papo exclusivo com Luiz Eduardo Baptista (confira aqui a primeira parte e aqui a segunda), o vice-presidente de marketing do Flamengo falou sobre as dificuldades encontradas até aqui e sobre suas metas para o futuro do clube. Bap mostrou o sucesso e a importância das parcerias estabelecidas nesses quase dois anos de gestão de Eduardo Bandeira de Mello, agradecendo a confiança de investidores e torcedores. Ele abordou também o projeto Nação Rubro-Negra para o clube. 

Confira a terceira parte da entrevista:

São dois anos a frente do Departamento de Marketing. O que você encontrou no início e qual foi a maior dificuldade?
Bap: Tentando traduzir para quem não é da área: como a gente estabelece as relações pessoais e profissionais? Em cima de confiança, credibilidade. Você não pode chegar em uma loja e pedir um quilo de confiança porque é preciso fechar um negócio hoje. O Flamengo, infelizmente, não contava com confiança, nem com respeito e nem tinha credibilidade. O primeiro desafio, era um desafio conceitual, resgatando essa tal credibilidade do Clube de Regatas do Flamengo.

O segundo desafio foi o Flamengo não ter nenhuma estruturação para arrecadação de receitas recorrentes. O que é uma receita recorrente? Quem é assalariado e ganha todo mês algum dinheiro, quem recebe pensão... Isso é uma receita recorrente, que possibilita que você se planeje melhor e possa fazer frente aos seus compromissos. O Flamengo não tinha isso, o que faz a vida mais difícil. Um mês você vende a manga de camisa por 200 mil reais, depois de dois meses não tem ninguém. O mercado começa a perceber que você está vendendo no varejo, um produto que deveria ser vendido no atacado. Existiam alguns erros conceituais que eram um pouco decorrentes dessa falta de credibilidade. Você não consegue vender o patrocínio master, aí tenta vender um patrocínio secundário na manga. Aí não consegue a manga, tenta vender a barra da camisa. Aí não consegue nenhum dos três, aí decide vender para um jogo tal no Maracanã por 200, 300 mil reais. Mas, o Flamengo joga de novo na quarta seguinte, no domingo, tem que pagar compromissos mês após mês.

Então estabelecer uma plataforma de receitas recorrentes para o Flamengo era absolutamente fundamental e o clube não tinha nada disso. Ficamos quase dois anos sem patrocínio master na camisa. Então, quando nós chegamos, a concepção que tínhamos era: nós temos credibilidade, e estamos aportando essa credibilidade ao Clube de Regatas do Flamengo. Em um primeiro momento, todos aportamos capital pessoal. Muita gente, de muita empresa que está com gente, disse: "Olha no Flamengo de antigamente eu não colocaria dinheiro, mas no Flamengo em que vocês estão presentes, vou apostar". 

Depois, começamos a celebrar contratos de longo prazo e garantir a quem tiver fazendo negócio contigo que se o clube amanhã crescer, e o que hoje parece muito dinheiro para nós se tornar um valor menos relevante daqui três anos, ninguém vai 'tomar um pé' por ter acreditado no Flamengo nos dois primeiros anos. Quem te dá oportunidade, te apóia no primeiro momento, tem o direito de ter um retorno melhor depois. Faz parte do processo no mundo dos negócios. Assim, celebramos um contrato de dez anos com adidas, com cláusulas muito claras de saída, de premiações, de penalidades eventuais. Fizemos isso com Peugeot, com a Tim, com a Ambev, com a Sky, com a Guaravita, mais recentemente. A Caixa Econômica surgiu com um nosso master patrocinador que não tínhamos. Então, trouxemos para o Flamengo empresas que eram sólidas, que tinham boa reputação, que acreditavam nos nossos princípios e que de alguma maneira trouxeram para o clube uma receita recorrente em termos de patrocínio. Do ponto de vista de camisa, hoje nós temos a a mais valorizada do Brasil, que fatura em torno de 85 milhões de reais/ano, e não tínhamos nada disso quando assumimos. O faturamento da camisa do Flamengo era aproximadamente 2 milhões de reais/ano numa venda a varejo simples. É um saldo absolutamente espetacular.

Por outro lado, tinha um problema de sócio-torcedor que o Flamengo não conseguia manter o programa em pé. Em nove meses fizemos um programa com quase 60 mil participantes. Hoje, o número exato em algo em torno de 57 mil – todo fim de ano o programa tem uma pequena queda, ainda tem uns rubro-negros que deixam de ser rubro-negros entre dezembro e janeiro. Para esses, por favor, bote a mão no bolso e ajuda o Mengão porque você vai ser Flamengo a vida inteira (risos).

Mas, eu entendo que as pessoas eventualmente não estejam com dinheiro ou disponibilidade -, enfim, isso traz para o clube tanto dinheiro quanto uma Caixa Econômica, atualmente. O sócio-torcedor é hoje o terceiro, talvez o segundo, maior patrocinador do Clube de Regatas do Flamengo, trazendo algo em torno de 30 milhões de reais/ano. Nada disso havia há dois anos atrás. O Rubro-Negro arrecadou mais e teve despesas maiores. Aumentamos a receita em torno de 130 milhões de reais/ano e temos um custo de aproximadamente de 6 a 8 milhões para fazer esses 130 acontecerem. Tenho certeza que qualquer empresa do Brasil pagaria para ter esse retorno. Esse foi o trabalho que fizemos em relação às receitas no Flamengo. Me orgulho muito disso. Temos um time espetacular aqui que já foi liderado pelo Fred Luz, e hoje é comandado pelo Bruno Spindel, que conta com André Monnerat, Fred Mourão, Tiago Cordeiro, Angélica Passos... Um time de primeiríssima linha que, além de assumir a paixão pelo Flamengo, trabalham dia sim, e outro também para fazer a Nação melhor e maior.

Quais as metas pro Nação Rubro-Negra no próximo ano?
Bap: Nós somos muito gratos a cada um dos patrocinadores e torcedores que puderam contribuir com o Flamengo. Muito obrigado por cada real que vocês colocam aqui dentro, porque trabalhamos todos os dias para honrar aquilo que vocês acreditam na gente e o que aportam de credibilidade no nosso time.

O primeiro mandamento é manter aquilo que conquistamos até agora. Manter é fundamental. O segundo é crescer em bases sólidas, trabalhando com parceiros que tem tomado gosto pelo Flamengo, seja da forma que for. É sempre mais fácil aprofundar a relação comercial com aqueles que você já conhece, do que conquistar um cliente novo. Nossa etapa agora é aprofundar a relação com esses parceiros e dar o retorno que eles merecem por eles acreditarem no Flamengo até agora, e continuar crescendo. Solidificando aquilo que fizemos e garantindo o crescimento constante e consistente dessas receitas que farão o clube cada vez maior. É muito ruim você ter um planejamento bom por dois anos e, eventualmente, perder um parceiro e ter uma queda súbita.

No momento em que acontece uma coisa dessas, normalmente o que você achava que valia dez, passa a valer cinco para o mercado porque você passa a ter uma vaga disponível, vamos dizer assim. Nosso trabalho é impedir que coisas como essas aconteçam. Esperamos que as relações estabelecidas até agora se aprofundem, se estendam, ou nas mesmas áreas que elas estão, ou investimentos relacionados à outras áreas, como esportes olímpicos por meio de incentivos fiscais.

O que podemos esperar para 2015?
Bap: Nada como um dia após o outro. O Flamengo esse ano foi um pouco melhor que no ano passado. Em 2015 ele será melhor que em 2014. Alô Nação Rubro-Negra, isso aqui é ao infinito e avante, Mengão na cabeça e estamos juntos.

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