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Sócios-Torcedores batem papo com Sérgio du Bocage

Jornalista rubro-negro conversa com sócios-torcedores e compartilha boas histórias

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Em mais uma ação exclusiva para Sócios-Torcedores, a Gávea foi palco, na noite desta segunda-feira (23.03), do Bate-Papo do Nação com o jornalista Sergio du Bocage. Assumidamente rubro-negro, o jornalista já passou pelos mais diversos veículos de comunicação - do jornal às redes sociais, passando pelo rádio - e dividiu boas histórias com os ganhadores da ação.

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Confira alguns dos momentos do papo:

O jornalismo e a paixão
Eu acho que é bom quando o jornalista assume sua torcida. Por que o cara que não se assume é mais cobrado pela audiência. Quando o cara não sabe para qual time o jornalista torce, ele inventa, supõe... E essa desconfiança é muito ruim. O jornalista que se assume mostra que é verdadeiro e nem por isso deixa de ser imparcial na hora de escrever a matéria. Todo jornalista esportivo tem time, por que todo jornalista de futebol ama o futebol. Se não amasse futebol estava escrevendo sobre outra coisa... Por isso eu digo: Sou Flamengo.

O Flamengo na sua vida
Sou Flamengo desde pequeno, minha família toda é Flamengo e eu cresci sendo rubro-negro. Fui setorista do Flamengo por alguns anos quando trabalhei no Jornal dos Sports e isso me deu a oportunidade incrível de me tornar amigo de pessoas por quem eu perdia a voz gritando na arquibancada. O Zico, por exemplo, ligou para meu celular outro dia. Bicho, imagina isso! O Zico! Me ligando!

Passando o amor adiante
Uma história engraçada que tenho é de como fiz minha filha ser flamenguista também. Uma vez, quando ela era bem pequena, estávamos na rua e vimos um monte de ônibus passando com torcedores indo para o jogo do Flamengo. Todo mundo de vermelho e preto, faixas, pessoal gritando... Ela me perguntou "Pai, o que que é isso?" e eu disse "É o pessoal do Flamengo, filha!". Ela continuou: "O que é o Flamengo?", eu respondi "É o time do papai". Ela me pediu uma camisa, comprei logo e ela adorou. Um tempo depois, um dia ela voltou da escola e me perguntou "Papai, eu sou Flamengo ou sou Vasco?". Eu, não querendo obrigá-la a nada, disse "Olha, você pode ser Vasco, mas o papai é Flamengo". Uns dias depois, tinha uma reunião de pais e mestres na escola e assim que conheci a professora dela, perguntei "Qual é seu time?", no que ela respondeu "Vasco". Já saquei de cara! Virei para a professora e falei, calmamente "Olha, na minha casa eu não obrigo minha filha a ser Flamengo, então vamos combinar que aqui você também não vai obrigá-la a ser Vasco". A moça, muito educada, pediu desculpas, e ficamos tudo bem. Uns dias depois, levei minha filha a um Flamengo x Olaria. Estávamos lá, no meio daquela torcida gigante no Maracanã, olhei para ela e disse "Filha, tá vendo essa gente toda? Quantos aqui são Vasco?" (risos) Ela olhou em volta, não viu ninguém "É, papai, quase não tem Vasco aqui". Eu perguntei então "E quantos aqui são Flamengo?" ela olhou, viu aquele mundaréu de gente e dali em diante decidiu que o melhor era ser Flamengo junto com o pai dela e a Maior Torcida do Mundo.


O Furo de Reportagem
Outra história boa... Da época que eu era setorista do Flamengo do Jornal dos Sports. Na época, começo dos anos 80, o jornal de domingo era principalmente de matérias frias e no sábado eu até folgava. Um dia, por acaso, me bateu um sentimento que ia acontecer alguma coisa. Liguei para um conhecido meu do Globo e perguntei "Tá tudo bem?". Ele virou "Cara, você não sabe! O Flamengo e o Grêmio vão fazer uma troca: Tita pelo Baltazar!". Isso na época era uma notícia bombástica! Eu estava para sair de viagem com minha mãe, virei para ela, de malas prontas, e falei "Mãe, preciso correr na redação". Fui para lá e estava só meu editor na época. Falei a notícia e ele disse que era impossível botar, por que o jornal já estava sendo impresso... Mandei parar, ele concordou, fizemos tudo de novo. Capa do jornal: Flamengo e Grêmio acertam troca de Tita por Baltazar. No dia seguinte, domingo, só O Globo e o Jornal dos Sports tinham dado a notícia. Rolava uma camaradagem e o resto dos jornalistas vieram cobrar da gente por que tínhamos dado a notícia sem falar para ninguém! Poucos dias depois, na quinta-feira, o Flamengo e o Fluminense acertaram outra troca de jogadores, quando o Robertinho veio para o Flamengo. Todos os jornais deram menos... O Globo e o Jornal dos Sports. (risos) Deram o troco na gente!
Mas aí é que vem a grande sorte que dei: No mesmo dia, Garrincha morreu. A troca do Fla e do Flu virou uma notinha mínima, todos os jornais só falavam de Garrincha.


Inimizades
Graças a Deus, nunca fiz nenhuma inimizade em todos esses anos de trabalho. Nem com jogador, nem com ninguém. Sempre fui honesto, nunca inventei notícia nem declaração. E por isso sou amigo de alguns caras com quem trabalhei, como o próprio Zico. Uma vez teve um empresário que disse que ia me matar por que critiquei um jogador dele, mas, bem, estou aqui vivo, né? (risos)


O Flamengo atual
Eu digo, de verdade, que esta diretoria é a melhor que o Flamengo já teve na história. Talvez não seja a mais vencedora até aqui, mas está no caminho mais do que certo. Fui convidado para o lançamento da campanha, em 2012. Na época, eu vi aquele pessoal que pouco frequentava a Gávea lançando a 3ª opção do grupo à presidência... Saí de lá falando "Não tem como dar certo!". Mas aí você olha o currículo de quem está envolvido e logo percebe que é um pessoal muito competente. E isso se reflete no Flamengo hoje.