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Carta de um Rubro-Negro aos Cariocas

Diante das manifestações do Governo do Estado sobre a conveniência da construção de um “centro comercial” (SHOPPING) e um estacionamento no Maracanã, como forma de tornar atrativa a privatização de

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Diante das manifestações do Governo do Estado sobre a conveniência da construção de um “centro comercial” (SHOPPING) e um estacionamento no Maracanã, como forma de tornar atrativa a privatização de seu estádio, republicamos artigo recente do jornal “O GLOBO”, “pagina de opinião”, de autoria do ex presidente - Helio Ferraz

Carta de um Rubro Negro aos Cariocas

“Olho vivo porque cavalo não desce escada” (Ibrahim Sued)

Todas as grandes cidades se esforçam, para encontrar soluções destinadas a atrair investimentos relevantes, emprego, renda e arrecadação de impostos.

Aqui, preferimos criar dificuldades, procurar obstáculos, ao invés de facilitar que a cidade obtenha investimentos de vulto, como o “O Projeto de revitalização da sede do Flamengo na Gávea”, que deve envolver recursos em obras e serviços para sua instalação na faixa dos U$ 80.000.000,00.

Ademais, isso ensejará um movimento anual da ordem de U$ 20.000.000,00 em suas diferentes atividades, e cerca de 1000 empregos temporários e 1500 permanentes nas suas diversas etapas, além de constituir-se em fonte de atração turística, pois teremos espetáculos de futebol, basquete, natação, tênis e outros.

Mas, o Flamengo não pode!

O “Real Madri” ressurgiu de sua crise financeira quando a autoridade pública espanhola, diante de sua importância para a comunidade, autorizou aquele Clube a destinar a área do seu centro de treinamento, para a construção de um grande empreendimento imobiliário que foi a principal fonte de reestruturação de seu passivo.

Mas, o Flamengo não pode!

No caso do Flamengo, a destinação é a nossa atividade fim, pois o renovado complexo social e desportivo compõe-se de áreas verdes, piscinas, quadras de tênis, ginásios, academias, cerca de duas mil garagens, disponibilizados aos moradores da região, juntamente com o estádio projetado de acordo com os conceitos mais modernos: dispondo de restaurantes panorâmicos, salas de conferencias, sala de troféus, lojas de material esportivo, de entretenimento, banco, espaço de caráter social e comércio em geral.

Esse é o modelo, dos estádios modernos entregues entre 2002 e 2005, do Sporting em Portugal, do Everton em Liverpool (Inglaterra), e os de Pequim e Praga, todos com iguais facilidades.

Mas, o Flamengo não pode!

Além de tudo, a municipalidade e o estado simplesmente: quitarão uma dívida da “cidade/estado” para com nosso Clube, amparada por escritura pública e como contra partida legítima da cessão pelo Flamengo de parte do seu terreno, para a duplicação da Avenida Epitácio Pessoa/Borges de Medeiros e da Mario Ribeiro, quando a entidade pública se obrigou, e nunca cumpriu, à construção das arquibancadas que complementariam, já naquela época, o nosso estádio de futebol e tudo com recursos públicos.

Agora, a formula adotada pressupõe que os recursos necessários serão criados diretamente pelo Clube com o resultado empresarial do projeto em si.

Mas, o Flamengo não pode!

Acrescento que é inaceitável o argumento de que se licenciaram outros projetos antes do nosso, esses sim, com propósito e instalações exclusivamente comerciais, na vizinhança (ótimo).

E essas vozes que se levantam contra nós, porque então silenciaram?

Outro aspecto:

A nossa média de público nos últimos campeonatos anda ao redor de 15.000 espectadores, e um projeto empresarial dessa envergadura financeira, precisa estar dimensionado ao seu ponto de equilíbrio e de forma nenhuma aos seus picos, caso contrário será anti-econômico, não apenas quanto ao investimento, mas principalmente, ao seu custeio.

Ademais, a arbitragem de uma maior demanda, tão “inelástica” (como a de grandes clássicos e jogos decisivos), não só pode, como deve, com grandes vantagens, efetuar-se via o preço do ingresso, fazendo uso da Lei, “Da Oferta e da Procura” e obtendo-se receita, até maior que no modelo atual.

Como subproduto, esperamos o retorno do “torcedor família”, consumidor de fato, que pouco comparece por receio do vandalismo, do desconforto, da falta de estacionamento, da ausência de serviços de qualidade, como nos estádios dos EUA e Europa.

Portanto, um estádio de 28.000 lugares, no coração da zona sul, ao lado do “Jockey Club” (um estádio para corridas de cavalo), em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas, olhando de camarote para o “Cristo Redentor”, como o “Chelsea” no coração de Londres, ou o “Santiago Bernabeu” numa das principais avenidas de Madri.

Mas, o Flamengo não pode!

Bem, existe ainda a questão viária cuja avaliação e solução são, por definição, responsabilidade do setor público, sendo que de nossa parte já contribuímos, pois cedemos parte de nosso terreno para a duplicação das Avenidas que nos circundam, sem que o clube recebesse nenhum tostão, e ainda mais, agora: ofertamos até 3.000 vagas, desde que incorporado o subsolo da Praça, em frente a nossa sede. Ademais, nossos jogos se realizam as 21,40h, em geral, ou sábados e domingos.

Que projeto já ofereceu mais à Zona Sul?

Ainda assim, o Flamengo não pode!

Contamos com você concidadão - individualmente ou através de instituições efetivamente representativas, como a Associação Comercial, Sindicato, a Assembléia Legislativa, a Câmara de Vereadores, a “Firjan”, a Prefeitura e o Governo Estadual - ao nosso lado, nessa luta que, afinal, é em favor da nossa Cidade, do Flamengo e principalmente, de você mesmo.

O Flamengo e o Rio de Janeiro podem, sim!

Helio Ferraz