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Entrevista com João Henrique Areias

O novo manda-chuva do basquete do FlamengoPor Alfredo Lauria

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Acostumado a ser maltratado nos estádios e ginásios da cidade, o torcedor carioca que tem acompanhado in loco os jogos da equipe de basquete do Flamengo em 2009 vem sendo surpreendido positivamente.

E não apenas pelo fato de o clube contar com um dos melhores elencos do país, o que já seria um bom motivo para acompanhar de perto a equipe.

Ao substituir o Tijuca Tênis Clube pelo Maracanãzinho, os dirigentes rubro-negros trouxeram conforto e estrutura para os seus torcedores. Hoje, as partidas do Flamengo contam com DJ´s, shows de dança (de gosto duvidoso, diga-se), entretenimento no intervalo e participação ativa da dupla de mascotes.

Além disso, foi criada uma rede de relacionamentos exclusiva do basquete rubro-negro, onde é possível encaminhar sugestões para a equipe de Areias (algumas são de fato atendidas) e interagir com outros torcedores.

Essas são algumas das novidades trazidas por João Henrique Areias, novo vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, com quem o Draft Brasil teve oportunidade de bater um papo nesta quarta-feira.

O dirigente, ao contrário da maioria da classe, possui uma mentalidade eminentemente empresarial. É um daquelas pessoas que enxerga a possibilidade de capitalizar até um aperto de mãos.

E, se é verdade que durante Flamengo x Pinheiros Areias não deve ter acompanhado 2 minutos do que acontecia na quadra, também não se nega que o dirigente não parou de trabalhar um minuto sequer, seja para conceder entrevistas, seja para se reunir com empresários presentes no ginásio.

Infelizmente, talvez pelo salgado preço dos ingressos (uma família de 4 pessoas chega a pagar R$60,00 pela entrada), talvez pela pouca divulgação nos jornais locais ou mesmo em virtude do atual descrédito do basquete brasileiro, o fato é que o público não tem comparecido em bom número ao Maracanãzinho, o que é uma pena.

Abaixo, seguem os principais pontos abordados no bate-papo do Draft Brasil com João Henrique Areias:

Patrocínio da Loterj

Foi realizada uma reunião hoje à tarde e a parceria já é dada como certa. No entanto, o acordo ainda não foi formalizado e os detalhes ainda estão sendo ajustados.

Não se trata de “patrocínio de camisa”. O que é certo é que o Flamengo disponibilizaria à Loterj o direito de mudar o local das partidas sediadas pela equipe, para outras cidades do estado do Rio de Janeiro.

Também foi esclarecido que o acordo seria firmado com uma empresa prestadora de serviços da Loterj, o que, ao menos em tese, possibilitaria que o clube assinasse o contrato sem precisar das certidões negativas necessárias (A Loterj é uma autarquia pública do estado do Rio de Janeiro).

Petrobrás

De fato, apesar da logomarca continuar estampada na camisa de basquete, o clube não recebe dinheiro da empresa desde o início do ano, justamente pela ausência das certidões negativas.

Segundo Areias, trata-se de uma decisão da presidência do clube. De qualquer forma, o diretor afirmou que em breve o Flamengo deixará de fazer essa “propaganda gratuita à Petrobrás”, substituindo a logomarca na camisa pelo novo endereço da equipe na internet: Flabasquete.com.

Futuro

O acordo inicial de Areias com o Flamengo é de “apresentar” um modelo de gestão profissional dos esportes olímpicos no prazo de 90 dias. Após, caberá à presidência do clube decidir se contrata Areias e a sua equipe para implementar o modelo.

A proposta de Areias, que será formalmente apresentada em reunião no dia 15 de abril, inclui a autonomia dos esportes olímpicos em relação ao futebol, ou seja, embora continue vinculado ao clube, cada esporte teria fontes de custeio distintas, inclusive patrocinadores.

No modelo atual, como ele próprio admitiu, os esportes olímpicos estão no final da fila para receber qualquer verba.

Londrina

Flamengo e a prefeitura de Londrina buscam um acordo para que a partida adiada do primeiro turno do NBB, contra Amigão/Andorinha/Unimed/Assis, seja realizada na cidade do interior do Paraná.

O plano de Areais é que o jogo aconteça no dia 6 de abril, apenas 2 dias antes de Amigão/Andorinha/Unimed/Assis e Flamengo se enfrentarem pelo returno em Assis, cidade não muito distante de Londrina.

Nesse caso, a prefeitura de Londrina arcaria apenas com as despesas da excursão rubro-negra, que inclui ainda a partida contra GRSA/Itabom/Bauru, no dia 10 de abril (em Bauru). A receita da bilheteria ficaria para a prefeitura de Londrina.

Maracanãzinho

Em princípio, com exceção das partidas “requisitadas” pela Loterj e da que pode ser realizada em Londrina, o confortável ginásio será mantido como a casa do Flamengo no NBB.

O único problema de datas seria no caso de o Flamengo classificar-se para as finais do NBB. Isso porque o Maracanãzinho receberá o “Holiday in Ice” na mesma época.

É inusitado, mas existe a possibilidade de o Flamengo jogar praticamente todo o NBB no Maracanãzinho e, justamente, nas finais, caso se classifique, a equipe teria que mandar os seus jogos num ginásio menor, como o Miécimo da Silva.

A HSBC Arena, em princípio, está descartada. Os novos “donos” do aparelho poliesportivo construído com dinheiro público para os Jogos Pan-Americanos 2007, pasme, cobra 150 mil reais para a realização de duas partidas.

Camisas

Areias informou que em 2 semanas já foram vendidas cerca de 7 mil camisas do Fla Basquete. Com aproximadamente 12 mil camisas, o dirigente afirmou que paga 1 mês de salários do elenco do Flamengo.

A conta neste caso é simples: a cada camisa vendida (o custo é 39 reais), o Flamengo recebe 20 reais; vendendo 12 mil camisas, atinge-se a folha salarial da equipe.

De fato, na partida desta quarta-feira, mais de 50% dos cerca de 400 torcedores rubro-negros no Maracanãzinho vestiam a camisa promocional.

Baixo público

Para Areias, o carioca ainda precisa criar o hábito de ir ao ginásio acompanhar uma partida de basquete, o que pode demorar.

O horário das partidas (19 horas) visa escapar da concorrência com o futebol e também atrair o público jovem ao ginásio.

Torcidas organizadas

Questionado sobre o fato de os integrantes das torcidas organizadas entrarem no ginásio sem pagar ingresso, Areias afirmou ter implementado recentemente um novo sistema, segundo o qual, para ganhar 50 passes livres para as partidas do NBB, cada torcida organizada precisa comprar um kit de 100 camisas da camisa promocional do Flamengo.

O kit custa 3 mil reais e cada camisa é vendida por até R$ 39,00. Assim, ao invés de simplesmente distribuir ingressos gratuitos, Areias espera ter algum retorno com as torcidas organizadas que, de todo modo, poderão lucrar com as vendas.

Foto: Flabasquete.com