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O braço direito do técnico Andrade

Marcelo Salles, o Fera, fala sobre seu trabalho como assistente técnico no Flamengo

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O futebol é um esporte coletivo não apenas dentro de campo, mas também fora das quatro linhas. Se com a bola rolando os jogadores precisam ter um pensamento de grupo, no banco de reservas o treinador também precisa do suporte da comissão técnica. Por isso, o técnico Andrade conta com um grande auxiliar ao seu lado. Ele é Marcelo Salles, apelidado de "Fera" pelos jogadores, que já foi auxiliar de preparação física, observador e hoje é considerado o braço direito do comandante rubro-negro no Flamengo.

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Há muitos anos na Gávea, Marcelo é jovem, mas muito experiente. Ele conhece boa parte dos treinadores do futebol brasileiro e está sempre empenhado em municiar Andrade com o maior número de informações possível sobre os rivais. Amante da parte tática do futebol, é um estudioso do esporte que busca fazer o máximo para deixar o treinador confortável para realizar seu trabalho. E, além de toda a seriedade de suas atividades, ainda encontra tempo para apitar os rachões do grupo e ter um relacionamento super bem humorado com o todo o elenco.

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Conheça um pouco mais da carreira e do trabalho de Marcelo Salles nesta entrevista exclusiva à equipe do site oficial do Flamengo. Nela, ele explica quais as suas atribulações, fala sobre o ótimo relacionamento com Andrade e o grupo, analisa as diferenças do trabalho nas semanas cheias e com jogos às quartas e domingos também garante, com muito bom humor, sobre os animados recreativos que sempre acabam com muitas críticas à sua arbitragem: "não sou um juiz ladrão, apenas tenho uma deficiência técnica com o apito".

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O trabalho de um auxiliar - A primeira função do assistente técnico é passar o maior número de informações para o treinador. Tanto as estatísticas do nosso time como também do adversário. Eu sou o segundo na hierarquia, então outro trabalho que eu tenho é o de deixar apenas as grandes decisões para o Andrade. Os problemas pequenos, possíveis insatisfações do grupo, eu converso com os jogadores, e se for algo grave, passo para ele. Tento deixar o Andrade o mais focado possível apenas no trabalho dele; técnico e tático, com a cabeça livre para isso.

Auxiliar x Observador - A função do Paulo, que é o observador da equipe, é um pouco diferente da minha. Ele vai aos jogos para acompanhar de perto o trabalho dos adversários. É a função que eu fazia antes, e até por isso, acredito que posso fazer um bom trabalho como assistente. A experiência que eu tive, conhecendo a maior parte dos treinadores do futebol brasileiro, ajuda muito. No Campeonato Brasileiro foi assim: conhecia os estilos dos técnicos e pude passar as informações para o Andrade montar as estratégias de cada jogo.

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Análise Tática - Eu gosto muito da parte tática. Vejo bastante jogos dos adversários, revejo também as nossas partidas, e acredito que isso ajuda muito, porque passo as informações para o Andrade, que também faz esse mesmo trabalho, e ele planeja como o time vai enfrentar cada adversário. Nós sabemos nossas fragilidades e nossas virtudes, e procuramos encaixar nossas virtudes nos erros dos adversários e melhorar as nossas fragilidades de acordo com os pontos fortes deles.

Andrade - O relacionamento com o Andrade é muito bom, até porque ele já trabalha conosco há muito tempo, antes mesmo de ser o treinador principal da equipe. E agora não é porque ele assumiu essa função que as coisas mudam. Pelo contrário. Continuamos com a mesma amizade, com o mesmo respeito que temos por ele, por ter sido um grande vencedor dentro do Flamengo, e ele também conta conosco. Acredito que o suporte da nossa parte também foi fundamental para esse sucesso do Andrade.

Grupo - O auxiliar é um cara que tem que ter um relacionamento bom com os jogadores. Eu antes era auxiliar de preparação física e já ganhei também uma intimidade com o grupo, porque para você fazer o trabalho que o atleta menos gosta, é preciso aprender o que ele gosta e tentar colocar isso em prática da melhor maneira possível.

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Inteligência do elenco - O nosso grupo tem muitos jogadores de alto nível, e isso facilita o trabalho. As vezes, como falei, é complicado acertar as coisas em semanas com dois jogos, mas com o elenco que nós temos, com os jogadores com uma leitura tática acima da média, eles entendem as coisas apenas na conversa. Normalmente, se passa tudo mais no prático, porque assim os jogadores entendem melhor, mas no nosso grupo, como são atletas diferenciados, as vezes, num bate-papo e numa conversa é possível acertar algumas coisas.

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Arbitragem no Rachão - No rachão eu acabo não agradando a nenhuma das dois equipes. Desagrado as duas mesmo, mas é o que sempre falo para eles: pelo menos eu não sou ladrão, tenho é uma deficiência técnica com o apito (risos).

Semana cheia para trabalhar - Com jogos no meio de semana e no final de semana, até o meu trabalho fica um pouco prejudicado, porque não há tempo para corrigir as deficiências de um jogo para o outro. Por exemplo, com partidas aos domingos e quartas, os treinos de terça e sábado já são pré-jogo, segunda e quinta são pós-jogo, o que deixa apenas a sexta-feira livre para trabalhar. Com a semana cheia é diferente, já se pode fazer um trabalho melhor entre uma partida e outra, como foi no Brasileiro.

Trabalhos para a semifinal - A nossa ênfase nessa semana não será na defesa, mas sim no coletivo. Uma equipe vence ou perde um jogo por causa do coletivo. A defesa é apenas o último setor antes do Bruno. A marcação tem que começar lá na frente e o importante é o trabalho coletivo. Não é o Alvaro, o Angelim, o David, ou qualquer outro zagueiro, mas sim toda a equipe que tem que ser trabalhada. Ganhamos juntos e perdemos juntos. Não é a defesa que perde jogo e o ataque que ganha jogo.

Joel Santana - O Joel é um treinador que tem uma preocupação defensiva muito grande, que arma muito bem a defesa do seu time, e tem como uma das características que seu ataque sabe sair nos momentos certos. O retorno do Willians também será fundamental para esse jogo.