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"Sou Flamenguista"

Crônica de rubro-negro é carta de amor ao Flamengo

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Quando marcas presença em alguma competição, acho que vivo mais do que 24 horas por dia. É como acordar sem dever nada à vida, mesmo depois de qualquer pesadelo. É sonhar de olhos bem abertos com o futuro batendo a porta me chamando de meu campeão, estufando as redes com um chute do meio de campo.

A alma se agiganta, o coração parece estourar de alegria, as mãos tremem de nervoso, o corpo perde a consciência e todos os sentidos, as pernas enrijecem como se estivessem sem energia, o refrigerante esquenta dentro da geladeira, a comida esfria no fogão aceso, a cerveja acaba rápido no estoque da prateleira.

Meu ego se torna responsável por mim, me constrói um mundo em que bandeiras pretas e vermelhas iluminam ruas e avenidas, não existem mais sinais fechando passagens, gritos de gols deixam completamente afônicas gargantas de tantas vozes. A emoção toma conta de todo o meu espaço.

Posso dizer que sou um predestinado, nasci com uma qualidade especial, um predicado maior – Sou Flamenguista. O amor se faz mais aconchegante, verdadeiro de sentimentos, perfeito na boca de olhares comprometidos com o perdão de cada momento, os pensamentos unidos não se largam, se completam, se afagam, não se afastam em nenhuma ocasião, por nenhum contratempo.

Hoje é meu dia, de todo o teu torcedor, Flamengo. Que bom entrar numa igreja e orar por mim, pedir saúde, paz e muita luz no meu caminhar, querer que São Judas Tadeu, o teu padroeiro, sempre me acompanhe, nunca me perca de vista. Que alegria chamar de amiga a lágrima que rola de mansinho pelo meu rosto, fiel companheira nas tuas derrotas. Na minha loucura eterna digo sem pestanejar que perder jamais fará parte do meu e do teu dicionário.

Cada noite que chega, conversando com o silêncio procuro em meu quarto descobrir a razão de tanto desvario. Nos meus devaneios a resposta me surge, nunca importando se o infinito está pintado de estrelas ou manchado de nuvens. Sou rubro-negro, tenho esse dom, a sensação, por mais absurda que pareça haver, de alguém que está fadado a ser considerado um super-homem.

Heitor Carlos Ramos Alves