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Espiões rubro-negros: confira como foi a saga até Potosí

"Disfarçados", fotógrafo e cinegrafista do Fla foram filmar amistoso do adversário na estreia da Libertadores

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O técnico Luxemburgo costuma dizer que em partidas de mata-mata o que não pode acontecer é o time ser surpreendido. Para evitar que isso aconteça diante do Real Potosí, na próxima quarta-feira (25.01), o treinador rubro-negro enviou para Potosí o cinegrafista do futebol Stephano Loyo e o fotógrafo oficial do Flamengo Alexandre Vidal, disfarçados de jornalistas brasileiros, para assistirem ao amistoso entre o futuro adversário do Fla e o Nacional de Potosí, que aconteceu nesta quarta-feira (18.01), no mesmo local onde o Mengão jogará.

Marinheiros de primeira viagem na arte de espionar, os dois integrantes da delegação rubro-negra viveram uma saga que ficará guardada para sempre em suas memórias. Da saída de Sucre, às 16h30, até o retorno, já de madrugada, os dois viveram uma grande aventura para deixar o técnico rubro-negro por dentro da táticas do adversário.

Alexandre Vidal e Stephano Loyo, ao serem informados que iriam nesta "missão", foram em um mercado popular, em Sucre, onde o Flamengo está fazendo sua aclimatação, e compraram roupas locais, para se misturarem melhor com o povo boliviano.

"O Luxemburgo pediu para sermos discretos. Tivemos a ideia de comprar casacos de lã, pois nos avisaram que a temperatura lá era sempre negativa. Compramos casacos e gorro com desenhos incas de lhamas e sol", disse Alexandre Vidal, revelando que ainda ganharam um presente ‘incomum’ do vendedor.

"Achamos curioso, pois o atendente do estabelecimento, quando descobriu que íamos para Potosí, nos presenteou com dois terços".

Na estrada que, apesar de reformada recentemente, segue sendo considerada muito perigosa, os dois espiões levaram alguns sustos, já que muitos animais circulavam livremente nela. Em um determinado momento, por exemplo, após uma curva, o carro que transportava a dupla teve de frear forte para não colidir com bois e porcos. A chuva deixava o trajeto ainda mais tenebroso e fazia com que pedras se soltassem dos penhascos e caíssem na estrada.

Ao chegar em Potosí, após quase três horas de viagem, Vidal e Loyo se alimentaram em uma feira popular e perceberam, de cara, de que a ideia de se misturar não daria muito certo, pois todos olhavam para eles. Após o lanche, os dois foram para o estádio e se apresentaram como jornalistas brasileiros. Entraram e acabaram dando de cara com o vestiário do Real Potosí. Rapidamente, disfarçaram e foram para o campo.

Após subirem para as cabines TV, os dois começaram a filmar o jogo. Ao término do primeiro tempo, quando o jogo estava 1 a 1, os seguranças falavam em rádios de comunicação e apontavam sem parar para a cabine em que estavam.

"Estávamos disfarçados na cabine de TV e os seguranças olhando e apontando para gente. Decidimos esconder o cartão de memória do primeiro tempo, pois já sabíamos que nosso disfarce não estava mais funcionando. Ficamos atentos, mas nada aconteceu. O jogo continuou e o Real Potosí venceu por 2 a 1. Tive a ideia, para tentar manter o que sobrou do disfarce, de falar no microfone como se tivesse fazendo uma matéria. De nada adiantou, pois os torcedores do Nacional gritavam "Flamengo" olhando para a gente", lembrou Vidal.

Ao sair da cabine, os dois estavam sendo filmados, fotografados e foram até entrevistados pela imprensa local e por policiais, que utilizavam seus rádios para fazer perguntas aos dois rubro-negros. Eles tentavam manter o disfarce, mas as perguntas eram sempre sobre como eles iriam passar estas informações para a comissão técnica rubro-negra.

"Tentamos de tudo, mas tenho certeza que eles nos reconheceram. Quando deixamos o estádio e pisamos na rua, um grupo de torcedores do Potosí cantavam músicas xingando os brasileiros. Apertamos o passo, entramos no carro e pedimos ao motorista para ir logo", disse, aos risos, o fotógrafo.

A viagem de volta, sem chuva, foi bem tranquila. E apesar do disfarce não ter sido perfeito, os espiões rubro-negros cumpriram sua missão e entregaram ao Luxemburgo todas as informações do adversário e os 90 minutos do amistoso filmados.

"No Flamengo, missão dada é missão cumprida. Disse isso ao Vanderlei Luxemburgo", encerrou Alexandre Vidal.