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Sirenas: as sereias rubro-negras do nado sincronizado

Conheça a rotina das atletas gêmeas Gabi e Dani Figueiredo, que mistura disciplina, empreendedorismo e muito treino

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Cada vez mais frequentemente jovens se aventuram na arte de empreender. Apesar do termo "empreendedorismo" não ter uma definição exata, está diretamente relacionado ao movimento de criação de novas ideias e capitalização das mesmas para o lançamento de uma empresa de sucesso. A receita do bolo parece simples, mas na concorrida sociedade brasileira, recheada por crises, riscos de investimento e incertezas por todos os lados, apostar numa ideia pode ter mais pontos negativos do que positivos. Mas por que não arriscar?

Foi com esse pensamento que as irmãs gêmeas Daniella e Gabriella Figueiredo, junto com suas companheiras de equipe de nado sincronizado do Clube de Regatas do Flamengo, resolveram empreender. Há cerca de três anos, as meninas nascidas em Belém do Pará e radicadas no Rio de Janeiro, perceberam que o fato de que estarem constantemente debaixo d’água, treinando seis dias por semana, poderia lhes ser mais benéfico financeiramente do que os mais de 10 títulos brasileiros conquistados na modalidade. Elas criaram, em 2014, o grupo de performances aquáticas Sirenas, "sereias" em espanhol.



"A gente sempre teve a ideia de criar um grupo de shows aquáticos, porque sempre fomos muito chamadas para fazer apresentações em diversos lugares, mas nunca ninguém colocou a ‘mão na massa’. Até que um dia começamos a conversar sobre isso, já pensamos no nome, criamos as páginas nas redes sociais e acabou ‘bombando’", declara Daniella.

Além da possibilidade de gerar renda através do esporte que elas representavam no Flamengo, as meninas viram ainda a oportunidade de uma maior divulgação da modalidade no país, como explica Gabriella.

"As Sirenas nasceram de uma ideia maravilhosa que sempre cultivamos junto das nossas amigas de equipe no nado. Queríamos levar nosso esporte para as pessoas de um modo diferente, de uma maneira mais livre e mais espontânea do que nas competições, já que na competição temos um limite de tempo de música, não podemos exagerar na maquiagem ou no figurino. Também criamos o grupo com o intuito de divulgar nosso esporte, trazendo cada vez mais meninas para praticarem o nado sincronizado", disse.

O grupo é composto por sete jovens com menos 30 anos, parte delas modelos profissionais, que colecionam convocações para a seleção brasileira de nado sincronizado em competições internacionais. Fazem parte do grupo, além das gêmeas, as atletas Aline Vieira, Camila Ururahy, Giovanna Bueno, Maria Eduarda Werneck, Maria Eduarda Wolf, além da treinadora do clube, Roberta Perillier, que atua no Sirenas como coreógrafa. Além disso, as Sirenas dão saltos mortais, cambalhotas subaquáticas, esticam a perna onde você normalmente teria uma leve distensão muscular, precisam colocar gelatina no cabelo para que ele fique perfeitamente alinhado e mantêm a forma com restrições alimentares e muita preparação física... E fazem tudo isso com maquiagem no rosto, sorriso largo e a sensação de que nenhum desconforto está acontecendo ali por debaixo d’água.

Além de todas estas especificidades, Daniella e Gabriella, cursaram Direito, juntas, é claro, na Estácio, fruto da parceria entre a Universidade e o clube. Elas se formaram em 2016 e chegaram a estagiar no mesmo lugar. Uma vida inseparável, com a melhor amiga ao lado.

"Sempre fizemos tudo juntas. Estudamos juntas no colégio, sempre treinamos juntas, depois entramos na faculdade juntas e até fizemos estágio no mesmo lugar. Então eu sempre acho bom ter a companhia dela, é como se fosse uma amiga que sempre gosto de estar perto", diz Dani. E a irmã completa.

"Trabalhar com a minha irmã torna tudo mais fácil, acredito que o fato dela ser mais ‘durona’ do que eu, ajuda muito. Parece que a gente se completa, ela está sempre me puxando e me botando para cima e isso é muito bom para a vida profissional", finaliza Gabi.

O fato de serem atletas profissionais e terem estudado na Estácio ainda trouxe mais um benefício para as ("sereias") irmãs de Belém do Pará: as meninas fizeram parte do projeto "Estácio no Esporte". Segundo o site oficial da instituição de ensino, "o projeto vai muito mais além do que ser um pilar de atuação da responsabilidade social corporativa. O Estácio no Esporte quer nortear o posicionamento da Estácio no cenário esportivo nacional de forma estruturada.

Atualmente, mais de 100 atletas são apoiados por meio de patrocínio ou da concessão de bolsas de estudos. 
Sobre o fato de serem atletas, advogadas, modelos e empreendedoras, as meninas finalizam.

"Às vezes é bem complicado conciliar tudo. Rezo para o dia ter mais de 24 horas (risos). Mas acho que quando a gente faz o que ama, nada se torna um sacrifício. Para mim é muito prazeroso ser atleta, assim como trabalhar com as Sirenas. E o Direito agora está se tornando o meu primeiro plano, porque a carreira de atleta um dia chega ao fim e temos que nos preparar para o futuro", diz Gabriella. A resposta da irmã gêmea, como a crença de que irmãos nessas condições transmitem pensamentos, foi quase idêntica.

"Ser atleta, empreendedora e advogada é quase uma missão impossível. Queria que os dias tivessem muito mais do que 24 pra horas, assim eu teria tempo para fazer tudo. Mas acho que o segredo está em ter responsabilidade e estar focada nos meus objetivos. Até agora está dando certo. É bem cansativo, mas estar fazendo o que gosto é muito prazeroso", explica Daniella.

As equipes de nado sincronizado do Clube de Regatas do Flamengo contam com recursos de seus patrocinadores – Banco Bonsucesso, Furnas, Estácio, LafargeHolcim/Cimento Mauá, EY – via Lei de Incentivo Federal/Ministério do Esporte (IR). A reforma da piscina olímpica da Gávea conta com investimentos da Lafarge e Ambev via Lei Estadual de Incentivo ao Esporte/Secretaria de Estado de Esportes, Lazer e Juventude (ICMS), além de recursos provenientes da Lei Agnelo Piva/Confederação Brasileira de Clubes (CBC).