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De olho no pódio: Caio Ribeiro

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Na série 'De Olho no Pódio', o site oficial do Flamengo conta as histórias de alguns dos principais atletas do clube e do Brasil, passando pela vida pessoal, carreira e, claro, o Mais Querido. Conheça um pouco mais daqueles que fazem os esportes olímpicos rubro-negros e brasileiros mais fortes.

A história de Caio Ribeiro se mistura ao esporte há muito tempo. Sobrinho de João Luís Ribeiro, primeiro brasileiro a representar o país na ginástica artística em uma edição de Olimpíadas, em Moscou, 1980, Caio praticou todo tipo de esporte. Porém, em 2011, tudo mudou. Em um acidente de moto, o carioca sofreu a amputação da perna esquerda e pensou que tudo havia acabado ali. Entretanto, a paracanoagem deu uma nova esperança para ele.

No início foi difícil. A adaptação à nova realidade, os problemas para aceitar tudo que aconteceu e as diferenças de praticar o esporte paralímpico pesaram, mas nada que Caio não pudesse ultrapassar. Dois anos após o acidente, ele foi campeão Mundial em Duisburgo, na Alemanha, repetindo o feito em 2015.

Na reta final de preparação para os Jogos Paralímpicos de 2016, um anúncio que mudaria tudo. O programa de provas teria apenas a categoria KL3 (caiaque), e não a VL3 (canoa polinésia), que ele é especialista. Sem mais alternativas, o canoísta precisou unir todas as suas forças, reconquistar sua confiança e trabalhar forte. Tudo isso deu resultado: o bronze no Rio de Janeiro, sua casa, foi a primeira medalha da história da modalidade brasileira.

Chegada ao Flamengo e treinos para Rio 2016 na Lagoa Rodrigo de Freitas
Construí minha carreira aqui. Ainda não era oficial no Flamengo, mas me cederam o espaço e me senti em casa. Tudo começou aqui nessa Lagoa Rodrigo de Freitas. A jornada foi longa, pois comecei a preparação um ano antes dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Se depois do meu acidente eu pensei que o mundo tinha acabado, caí novamente quando minha prova foi retirada do programa da competição. Tive que me renovar e a única opção era migrar para outra categoria. Foi difícil por ter tido pouco tempo para me preparar. A energia do Clube de Regatas do Flamengo se incorporou na minha alma, fazendo com que eu desse meu melhor e fizesse história aqui. Quando vi as pessoas gritando na arquibancada, senti os batimentos cardíacos aumentando e só então caiu a ficha que realmente estava em uma prova olímpica e no bolo para subir no pódio.

Ida para os Estados Unidos
Meu pai faleceu na mesma época que meu tio migrou para os Estados Unidos por causa do esporte. Ele chamou minha mãe para morar lá e eu fui junto. Acabei sendo alfabetizado por lá apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, mas nunca me adaptei ao frio e a neve. Admiro muito disciplina e educação que os norte-americanos têm, o valor que eles dão ao esporte e às atividades extra-curriculares.

Manias de Caio
No meu primeiro Mundial, em 2012, no Canadá, conheci a turma da Nova Zelândia. Não conhecia nada da cultura deles. Estar junto com essas pessoas me fez querer pesquisar mais sobre o país deles e descobri que eles têm uma mania de, em vez de sorrir para as fotos, fazem cara feia, dão a língua. Muitas vezes é para dar medo de certa forma.  Eu enxergava aquilo como engraçado. Então incorporei em mim essa coisa, misturei meu sorriso com a língua para fora. Até hoje tenho essa mania de fazer o tempo inteiro. Às vezes não tem sentido, mas ficou natural.

Projeto Flamengo
Agradeço ao Marcello Varriale, Gerente de Esportes Náuticos, por ter papel fundamental na abertura das portas para um esporte tão pouco conhecido aqui. Não é fácil para um canoísta. Já tive convites para representar outros países antes e depois dos Jogos, mas meu sonho como brasileiro é não sair daqui. Somos muito fortes e muito ricos em tudo. Sou muito grato e feliz. Enquanto posso explorar e tirar tudo de mim, quero atingir novas metas. A medalha de bronze na Paralimpíada foi a primeira da história para o Brasil e isso é ótimo, mas para mim o dever ainda não foi cumprido. Espero que o esporte cresça muito, pois temos muito potencial. Agradeço ao Flamengo por dar início ao projeto de base também.

Principais competições do ano
Tivemos a Copa do Mundo na Polônia no fim de maio e a meta desse torneio era pódio nas duas categorias. Agora temos outra regata nacional que servirá como seletiva, seguida pelo Mundial em agosto. Esta será a competição mais difícil, mas o objetivo é ouro e prata nas duas modalidades. O ano de 2019 é importante por já começarem as definições de vagas para Tóquio. Teremos seis lugares em ambas as categorias, então isso intensifica a concentração, preparação, ansiedade, a vontade de ser o melhor. Tem muita coisa em jogo. Muitos países que vêm mais no período que antecede os Jogos também participam, o que torna as competições mais interessantes.

Ídolo no esporte
Mark de Jonge, canoísta especialista em provas de velocidade.

Qual esporte faria se não fosse a canoagem?
Atletismo.

O que faz no tempo livre?
Gosto de aventura, seja com trilhas no meio do mato, nadando em alguma praia selvagem, acampar. Gosto de me sujar, da terra.

Ficha técnica
Nome: Caio Ribeiro de Carvalho
Idade: 33 anos
Altura: 1,87m
Naturalidade: Rio de Janeiro
Principais conquistas: Bronze nos Jogos Rio 2016, bicampeão Mundial e medalha de prata duas vezes na competição.