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LEMBRA DELE? Silva Batuta

Ex-atacante, que defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1966, gaba-se de ter presenciado os primeiros passos de Pelé, Zico e Rivellino

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LEMBRA DELE? Silva Batuta, o Tony Tornado da Gávea

Fabrício Costa - GloboEsporte

Rio de Janeiro

O andar trôpego denuncia uma artrose no joelho direito. E a voz, agora quase inaudível, ecoou por 18 anos nos gramados mundo a fora. O cabelo não mudou muito. Quer dizer, é praticamente o mesmo que Wálter Machado da Silva esbanjava no fim da década de 50, quando foi revelado nas categorias de base do São Paulo.

O ex-camisa 10 Silva Batuta (à direita) atende pelo apelido de Tony Tornado, na Gávea

O que poucos sabem é que Silva Batuta, aos 69 anos, 11 times e uma Copa do Mundo no currículo ainda respira futebol. Ele é funcionário do Flamengo. Trabalha no setor de eventos do clube. É um dos responsáveis por agendar casamentos, batizados e festa de formatura na Gávea.

- Terminei a faculdade de direito em 1995, incentivado pela minha família. Cheguei a fazer estágio em um escritório, mas não quis seguir nesta nova profissão. Preferi voltar às origens. Sou apaixonado pelo Flamengo. Então, resolvi dar expediente de novo aqui. Agora na área administrativa - revela o ex-camisa 10, que defendeu o Rubro-Negro de 65 a 69, sendo o artilheiro em três temporadas. Ao todo balançou a rede 68 vezes, em 132 partidas pelo clube de coração.

Silva Batuta trabalha no setor de eventos do Fla

Morador de Copacabana, ele conta que não perdeu um velho hábito. Colecionar todos os tipos de pentes. Isso mesmo, é capaz de comprá-los a granel. Na mesma velocidade com que "garfa" o cabelo várias vezes por dia. O que lhe rendeu o apelido de Tony Tornado- em alusão ao ator e cantor brasileiro que não se descuída da cabeleira. \ - Tenho sempre um pente no bolso da camisa. Ele me acompanha em todos os lugares. Acho que essa é a minha maior vaidade, já que continuo só andando de ônibus como na época de jogador – revelou o ex-jogador de São Paulo, Ribeirão Preto, Corinthians, Flamengo, Santos, Botafogo, Barcelona, Racing de Avellaneda, Vasco, Barranquila Junior (Colômbia) e Tiqueres Flores (Venezuela).\

Surgimento do Rei do Futebol

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- Infelizmente, o Brasil acabou eliminado do Mundial depois daquela derrota para Portugal (3 a 1). Foi a maior decepção da minha vida. Havia muita desorganização. As convocações eram políticas. Vários jogadores não tinham condições de jogo. Deixaram o Carlos Alberto Torres e o Djalma Dias fora. E nós não sabíamos direito o regulamento da competição - desabafou o ex-atacante, que quase disputou também a Copa do Mundo de 1970. Ele se transferiu do Barcelona para o Vasco na expectativa de ser convocado, porém o técnico João Saldanha foi susbtituído por Zagallo, que não o chamou para a competição. \ Batuta também guarda na memória o despertar de mais dos craques. Ele chegou a assistir a algumas partidas de Rivellino nos juniores do Corinthians, clube em que atuou por três anos. Além disso, ele não se esquece da fama de um tal Galinho de Quintinho, na Gávea. \ - O Zico arrebentava no "dente de leite". E era conhecido dos profissionais porque entrava com a gente em campo - recordou o sexagenário, que garante nunca ter saído derrotado de campo em um Fla-Flu.\

Indicação de Garrincha para o Flamengo

Batuta em clássico contra o Botafogo, no Maraca

Para a surpresa de muitos, foi Silva quem levou Garrincha para o Flamengo. Antes de deixar o clube, ele convenceu o então presidente Veiga Brito a contratar o Gênio das Pernas Tortas. \ - O Mané queria sair do Corinthians. Então aproveitei a amizade que tinha com um dirigente para ajudar na negociação - confirmou o pai de Waltinho, Wallace (estes ex-jogadores) e Vânia; e avô de Mateus, Jéssica, Jonathan, Maria Vitória e Mariana. \ Sua melhor fase internacional foi no Racing de Avellaneda, onde até hoje é considerado o maior ídolo do time argentino.\ - Sou sempre convidado para visitar o clube. Vou pelo menos uma vez por ano na Argentina e nunca fui discriminado por ser negro. Quando o Racing completou 100 anos (em 2003), recebi uma bela homenagem - gabou-se o ex-atacante, que sagrou-se artilheiro do campeonato nacional de 1968, com 18 gols em 28 jogos. \ O último clube que Silva defendeu no Brasil foi o Vasco, de 70 a 74. Depois disso, jogou no Barranquila Junior, da Colômbia, e no Tiqueres Flores, da Venezuela. Ele ainda teve uma experiência frustrada no Barcelona. Não foi inscrito inscrito no Campeonato Espanhol por ser estrangeiro e acabou disputando apenas algumas partidas da Liga dos Campeões, na época Copa dos Campeões.\

Time sensação em torneio de peladas

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