O Flamengo tem em sua comissão técnica atual um ex-jogador que é praticamente uma lenda viva no clube. O treinador de goleiro Cantarele, que nesta segunda-feira completou 58 anos de vida, é o goleiro que mais jogos fez com a camisa rubro-negra e esse carinho todo que tem pelo clube, continua no trabalho diário no CT em Vargem Grande, onde prepara os arqueiros do Fla.

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Quem conhece o ex-goleiro, percebe logo que é uma pessoa que sempre viveu sua vida pensando em fazer o melhor para o Flamengo e para o futebol brasileiro. Brincalhão, Cantarele está sempre divertindo o ambiente e pronto para ajudar os mais jovens jogadores e todos os funcionários. Os ensinamentos do ídolo não são apenas na parte técnica, mas também na vivência do dia a dia do clube.

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Com a tranquilidade de sempre, Cantarele conversou com a equipe do site oficial e contou um pouco da sua experiência no clube e avisou que o Flamengo tem bons goleiros para pelo menos os próximos 15 anos.

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Vida no Flamengo:

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"Tenho uma vida toda aqui, isso é muito legal, uma história que deu certo. Tenho uma identificação com o clube. Estava vendo o número daquela geração e é algo impressionante. O Flamengo sempre foi um clube de massa, mas foi depois da nossa geração que começou a ganhar tudo e ser respeitado também pelos títulos. As coisas mudaram após a nossa geração e fico muito feliz em ter participado dela. Pena que a cultura do nosso país é não valorizar os ídolos. Parece que os ídolos são substituídos. Aparece um novo e os antigos são esquecidos"

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Começo como preparador físico:

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"Não esperava ser preparador de goleiros, apenas aconteceu. Eu queria ser técnico de futebol e entrei na escola de educação física do exército. Na época, fiquei em terceiro ou quarto lugar no curso. Minha ideia era ser treinador, mas a vida me levou para outro caminho. Abriu uma vaga na comissão técnica profissional e o George Helal perguntou se eu não queria ser treinador de goleiro pela minha história. Deu certo. A vida é louca. Às vezes a gente pensa em uma coisa e ela nos empurra para outra"

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Os goleiros do Brasil:

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"Houve uma melhora muito grande. Hoje em dia você faz um goleiro, antigamente não. Hoje o menino tem toda uma preparação, não adianta apenas gostar. Antigamente, o jogador tinha que gostar de ser goleiro e ia para lá apenas para defender as bolas. O goleiro moderno vai além disso. Tem de defender as bolas, posicionar a defesa, servir como um líbero, se necessário, e até cobrar faltas e pênaltis. O Rogério Ceni é um exemplo disso. No último jogo cruzou a bola para o gol do Rivaldo. As pessoas falam que só agora temos bons goleiros, mas acredito que o Brasil sempre foi bem servido na posição. Nós enfrentávamos os melhores atacantes e conseguíamos impedir muitos gols. Então tínhamos talento. Hoje em dia, o mundo enaltece os nossos goleiros. O Julio Cesar foi considerado o melhor goleiro do mundo, mas quando estava no Brasil chegou a ser criticado"

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Mudança de treinamentos:

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"Cheguei a pegar o início da transformação. Já usávamos as estacas para a preparação dos goleiros e com o tempo foi evoluindo e aparecendo novos aparelhos e técnicas. Os goleiros estão evoluindo cada vez mais. Hoje em dia, todo clube do Brasil tem um bom goleiro. Pode até não ser o melhor do país, mas tem um arqueiro confiável"

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Diferença entre profissionais e categoria de base:

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"É muito diferente. O garoto fica 11, 12 anos no clube e, quando chega nos profissionais, acaba sentindo. Isso acontece. Quando estão na base, enfrentam jogadores da mesma idade, nos profissionais, já pegam pessoas mais velhas, mais rodadas. Os meninos sobem e querem acertar, mas nem sempre isso acontece. Tem de ter paciência. Tivemos o exemplo do Marcelo Lomba, que entrou em uma situação de emergência e não teve o direito de errar. O jogador tem que ter direito de errar. Acho que precisa ter um apoio maior da torcida e de todos. Não falo só dos goleiros"

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Futuro do gol rubro-negro:

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"Temos um bom futuro pela frente, tanto no gol rubro-negro, como nos dos outros clubes do país. Temos aqui no Flamengo um potencial muito grande. Temos goleiros para uns 15 anos. Porém, a vida às vezes brinca com a gente".