Andrade provou ser mesmo "sinistro", como cantou a torcida. Com o título conquistado no domingo, o treinador do Flamengo tornou-se o primeiro negro campeão brasileiro como técnico e o único na história do clube a vencer a competição mais importante do futebol do país como treinador e jogador. Além disso, sagrou-se o maior vencedor da história da competição, com seis títulos. Não há como contestar os números da carreira do Tromba.

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Antes disso, porém, muita gente duvidava do comandante do hexa. Há cinco anos, quando começou a trabalhar no clube, o ex-jogador chegou até a ser vítima de preconceito racial, segundo ele informou em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira em um hotel na Barra da Tijuca.

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"Em 2004, quando eu e Adílio assumimos o time do Flamengo, um diretor das categorias de base disse que o futebol tinha virado "urubu Flamengo". Foi um comentário maldoso, errado e desrespeitoso comigo e com Adílio. Dei a volta por cima e estou muito feliz com a conquista do título. Quanto ao camarada, prefiro não dizer quem foi", afirmou.

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Tranqüilo, Andrade agüentou calado. Segurou a pressão, rechaçou as críticas e não se abateu com as dúvidas. Segundo ele, por ser negro, ele acabou demorando mais para ter uma chance de brilhar. No entanto, em sua primeira oportunidade como técnico efetivado do clube, logo mostrou seu trabalho e tirou o Flamengo de uma fila de 17 anos sem conquistar o título brasileiro.

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"Como no início de todas as profissões a gente é visto com desconfiança. Muitos não acreditavam que poderíamos conseguir, principalmente porque tem o negócio da minha cor. Marcos Braz me deu a oportunidade que precisava e provei que tenho competência para ser técnico de um clube como o Flamengo", disse.

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Com tanta estrela, Andrade não pode deixar de se considerar iluminado. O treinador acredita que foi escolhido por Deus para levar o clube rubro-negro ao hexa, mas mantém a humildade e rasga elogios à qualidade e disposição de seus jogadores em campo.

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"Quando assumi o Flamengo, não foi por acaso. Fui um escolhido de Deus para cumprir uma missão. E conseguimos com sucesso. Mas não posso receber o mérito sozinho, pois os jogadores correram em campo por mim. Eles me disseram que fariam isso. Sem eles e os integrantes da comissão técnica, eu não estaria aqui", completou.