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Marketing eleva receita dos clubes

O Flamengo continua sendo o clube que mais arrecada com patrocínio e publicidade. Matéria publicada no Estadão

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Matéria publicada no Estadão

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Marketing eleva receita dos clubes

Ganhos com patrocínio, publicidade e vendas de produtos licenciados cresceram 40% ao ano de 2003 a 2006

Almir Leite

O marketing está caminhando a passos largos para se tornar a principal fonte de receitas do futebol brasileiro. Levantamento feito num período de quatro anos, de 2003 a 2006, com base no balanço de 21 dos principais clubes do País, mostra que os ganhos com patrocínio e publicidade tiveram crescimento médio de 40% ao ano. Em contrapartida, o dinheiro das cotas de TV aumentou apenas 10%.

A “engorda” dos valores auferidos com o marketing se dá por vários motivos. Nos últimos anos, esse campo tem sido mais bem explorado - embora na prática os clubes ainda engatinhem no setor. Um fator importante foi a adoção, pelo futebol brasileiro, do sistema de pontos corridos na Primeira e na Segunda divisões do Nacional. Isso contribuiu para que aumentasse o interesse de potenciais patrocinadores.

“Com esse sistema, a credibilidade cresceu. Quem investe tem visibilidade’’, analisa Amir Somoggi, da Casual Auditores Independentes, empresa que fez o estudo. “Há maior organização, o calendário é definido com antecedência, e cumprido. O futebol está mais transparente.’’

O ano de 2003 foi o primeiro em que a divisão de elite do Brasileiro foi jogada em turno e returno. A análise abrange até 2006, porque os balanços referentes ao ano passado ainda não foram totalmente publicados - os clubes têm prazo até abril. As 21 agremiações escolhidas pelo trabalho são donas de mais de 80% das receitas dos clubes do País, que nos quatro anos abrangidos pelos estudos chegaram a R$ 3,5bilhões.

Em valores absolutos, o ganho com patrocínio e publicidade ainda está atrás do montante recebido com cotas de TV e transferência de atletas (veja gráfico). Mas o fortalecimento desse item é mais consistente. O dinheiro da televisão pulou de R$ 221 milhões para R$ 286 milhões entre 2003 e 2006. E os recursos provenientes da venda de atletas saltaram de R$ 169 milhões para R$ 227 milhões, crescimento médio anual de 16% (em 2005 chegou a R$ 330 milhões e depois caiu). A bilheteria subiu de R$ 46 milhões para R$ 79 milhões (20%, na média). Os ganhos com marketing, enquanto isso, passaram de R$ 58 milhões para R$ 168 milhões.

“A transferência é algo sazonal’’, explica Amir. “Em 2005, por exemplo, o peso aumentou porque ocorreram negociações com valores altos. A venda de Robinho do Santos para o Real Madrid, por exemplo (por cerca de R$ 70 milhões). Em 2006, as transações foram mais modestas.’’ Com base nessa situação, o valor geral das transferências deve aumentar novamente em 2007, pois só Alexandre Pato foi do Inter para o Milan por cerca de R$ 56 milhões.

FLAMENGO NA FRENTE

O Flamengo continua sendo o clube que mais arrecada com patrocínio e publicidade. Em 2006, entraram nos cofres da Gávea R$ 24,436 milhões de verba de patrocínio e ações como licenciamento e venda dos mais variados produtos ligados ao clube, a começar pelas camisas.

Mas o São Paulo, que surge em segundo lugar (R$ 21,297 milhões), mostra-se mais criativo.

O Tricolor tem apostado em itens como a loja instalada no Morumbi, lojas itinerantes e o licenciamento constante de produtos. “O São Paulo tem 3% do faturamento vindo de royalties. A média dos outros clubes fica em 0,5% e 1%’’, diz o analista. O campeão brasileiro é, então, exemplo a ser seguido. “O São Paulo faz um trabalho de alto nível, mas o principal é que os clubes percebam a necessidade de profissionalizar totalmente seus departamentos de marketing’’, comenta Somoggi.