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Mengo meu dengo(parte 28) Luiz Helio alves de Oliveira

Agora sim, é prá valer

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Agora sim, é pra valer!

Fábio Luciano - O novo deus da raça\ Foto: globoesporte.com\

“Dessa vez não tem jeito, a gente vai à forra. Vamos detonar a flamengada. Ahhhhhh não foi agora, mas quase conseguimos. Os deuses do futebol estão contra nós. Aliás, o mundo todo. Há uma conspiração planetária contra o nosso maravilhoso, ilibado e bonzinho presidente. O sistema é mal. Nada não, na próxima não tem erro, até ELES já pressentem isso e estão (sic) com medo”. Tá bom... como diria meu amigo escritor e rubro-negro Mário Pianelly: que “mêda” nós temos dos portugas!!! Risos. Proponho que ao invés de ficar se angustiando e se auto-enganando ainda mais (será algum tipo de penitência?), a torcida do cinto de segurança aceite a verdade dos fatos, por mais cruel que isso possa parecer. Não tem jeito, mesmo o Mengo não jogando tudo aquilo que pode e que sabe, nem assim o bacalhau resiste e acaba caindo ante a colossal imponência do Urubu-Rei. É a sua sina. Ou seria via-crúcis, já que estamos no período da quaresma? Sugiro que eles adaptem um trecho da letra de uma clássica composição do grande Paulinho da Viola para ser o novo tema desse martírio cruzmaltino que se arrasta por duas décadas. Poderia ficar assim: Desilusão, desilusão, chora eu, chora você, no baile do Flamengão. Com todo respeito e solidariedade ao mestre (e bacalhau?!) Paulinho. Afinal, ninguém é perfeito né?! Vide (reparem bem, eu escrevi VIDE e não VICE) Chico Buarque, outra dessas raras exceções de gênios da mpb que escolheram o porto da dor para ancorarem suas paixões clubísticas. Tudo bem, Deus perdoa, a gente perdoa... já o Mengo, tsc tsc tsc... não perdoa.

Alguém pode lembrar que nós perdemos duas finais de TURNO durante esse período. Por isso não vou nem contar todas as decisões de Guanabaras ou as eliminadas neles nas semis do estadual. Quando tratamos de finais FINALÍSSIMAS — aquelas que valem o caneco de todo o campeonato — lá se vão 20 longos anos e o já famoso hexa-vice: 96, 99, 2000, 2001, 2004 e 2006. Ouvi até dizer que a estátua do Romário lá na colina ganhará a companhia de uma outra em homenagem ao super COCADA, herói da façanha do último título sobre o Flamengão em 88. Com um momento presente tão amargo, ao menos uma doce (literalmente) e distante lembrança para a bacalhoada. Ah é Edmun.. ôpa, ah é Cocadaaaaaaaaaaaa!!!!!

Brincadeiras à parte (até porque já ficou sem graça, pra eles né?!), farei um rápido reprise textual do clássico de domingo passado, mesmo não sendo bem a proposta desta coluna — espaço assumidamente criado para evidenciar, principalmente e culturalmente, o apaixonado flamenguismo ufanista que toma conta deste imenso país. Para as análises técnicas e táticas nós temos os competentes camaradas colunistas (e também alguns leitores) que fazem isso com maestria. Hoje vou pedir licença aos colegas Perboyre, Perez, mestre Sidney e também à dulcíssima Mônica para também entrar nessa área tão proeminente aos calorosos e apaixonados debates. Daniel me faz companhia na fla-poeticidade e sua coluna é mais na linha de Mengo meu dengo (só que com a sua magistral assinatura, claro), com nosso amigo criando fantásticos personagens que nos remetem à alma libertária e povão do cotidiano fla-totalista. Já os Vinícius (Castro e Paiva, respectivamente) nos deixam antenados e muitíssimos bem informados sobre os bastidores da Gávea e as novidades que rolam no universo do futebol, dos business e do marketing do clube. Por isso o Fla RJ é um boteco virtual — alcunha super bem sacada por nosso estimado camarada Eric Grootenboer — tão plural e de alma tão tão tão... rubro-negra. Então vamos lá.

Fla 50% x 75%

Considero que o time jogou somente metade do que pode durante a primeira etapa. Algo que considerei bastante arriscado pela relevância do confronto que valia uma vaga para a final, a manutenção da hegemonia sobre o adversário, além da tão necessária paz de espírito e autoconfiança para dar prosseguimento ao “Projeto Libertadores 2008”. O que ocorrer no próximo domingo estará dentro da normalidade, principalmente se o Fla sagrar-se campeão. E todos nós acreditamos. A nação, os atletas, a comissão técnica e os dirigentes. Porém, uma possível (cruz credo!) derrota para o bom time do Botafogo não iria ser tão catastrófica quanto uma precoce eliminação no último clássico. Por tudo o que já foi citado antes e mais um pouco. Para não ser surpreendido e realmente fazer valer na prática que tem o elenco mais qualificado, o Fla precisará entrar com carga máxima de raça desde o apito inicial até os últimos e capitais apitos do “homem de preto”. Contra o Vasco, começamos bem, mas sem aquela “pegada”. Talvez por conta da levíssima formação do nosso meio de campo, dos quais somente o Jailton tem características mais combativas. Colocar como volantes marcadores o Íbson, o Jônatas ou até o Kleberson é desperdiçar talento e excelente alternativa de ligação do meio com o ataque. A questão é que os nossos camisas 5 e 7 estão jogando muito atrás. No gol que tomamos isso ficou bem evidente. Inverteram os papéis. Quem deveria ter feito o combate no Edmundo era o Jônatas (ou qualquer outro meia) com o homem mais de marcação (no caso o Jailton) ficando na sobra. O fato é que o setor ficou uma avenida completamente livre para o Amaral dar um passe açucarado e o Alan Kardec, em velocidade, pegar nossa zaga totalmente desprotegida. Isso no mata-mata da Libertadores é fatal e poderá resultar numa eliminação. Minha humilde sugestão. Enquanto o Renato Augusto não volta (e quando voltar ainda vai carecer pegar ritmo) e como rompemos a tradição de sempre dispor de um legítimo camisa 10 armador, eu aproveitaria a cadência, habilidade e bom passe do Jônatas e o colocaria como um meia mais à frente. E com a 10, porque chega dessa história de aposentadoria provisória. Isso era para ter ocorrido (e para sempre) na despedida do Galinho. Com certeza o time ganharia uma excelente opção com o Jônatas assumindo esse papel de “maestro”. Afinal, ele já não jogou nessa posição antes? Só iria precisar trabalhar o ego do rapaz para ele não “se achar” demais. Tenho certeza de que os atacantes agradeceriam e o Souza não teria que voltar tanto para buscar a bola. No combate, meus jogadores seriam o Cristian e o Toró (enquanto o Gavilan não estivesse pronto). Nada contra o esforçado e combativo Jailton, mas por enquanto a sua contribuição como titular já foi suficiente. É jogador imprescindível para o elenco, sendo reserva imediato de um dos que entrarem na sua vaga.

Voltando ao jogo. Após o revés, foi restabelecida a verdade dos fatos e o Mengo passou a dominar até que o nosso “novo Rondinelli”, mesmo com o braço em dor, subisse imperiosamente para empatar e mostrar ao rival quem manda naquele terreiro. A verdade é que o Fábio Luciano e o Bruno foram as melhores contratações dos últimos anos. O domínio continuou no segundo tempo até que o pênalti viesse apenas para depois ajudar a desviar o foco do lado de lá. Convertendo ou não a cobrança o cansado e agora mais domesticado “animal” não conseguiria evitar o pior para o seu freguês time. Nem o seu ainda admirável talento de nada serviria para mudar o resultado do jogo. Simplesmente porque o Flamengo entendeu que precisaria apenas de um pouco mais de doação em campo e a vitória seria estabelecida. E depois de aumentar a raça para 75%, bem que o placar poderia ter sido mais elástico. Sim, e daí? Melhor assim, porque esse resultado deixou os arco-íris pensando que “quase” foi possível.

A virada veio com quem menos aparece na mídia. Com aquele de quem nunca se ouviu nenhum burburinho de insatisfação. E como é leve esse Ronaldo Angelim! Leve de alma. Um cara que é Flamengo e sabe o que isso significa na sua essência. Um profissional capaz de não perder a serenidade nem nos piores momentos e nem de virar “Pavão” nos momentos de glórias. Por isso a sua cabeça é tão abençoada, seja para fazer gols ou simplesmente para lhe fazer ser um grande cidadão. Dever ter sido benzida aos pés da estátua do Padim Padre Cícero lá na sua cidade do Juazeiro do Norte, no Ceará.

Quanto ao ataque, para mim seria muito simples. Até porque sentado de frente para o computador, na poltrona da tevê, na arquibancada, nas cabines ou nos estúdios dos programas esportivos, tudo parece ser mesmo muito simples. O problema só enxerga com maior clareza é quem está lá no olho do furacão. Por isso, sou só agradecimento ao Joel pelo belo trabalho que ele vem, mais uma vez, fazendo à frente do Mais Querido. E deixo claro que não estou aqui criticando o sistema implantado no time ou as suas opções técnicas ou táticas. Estou simplesmente dando a minha opinião enquanto torcedor. E só justifico isso por respeito ao profissional e homem Joel Santana. Porque na hora em que julgar necessário criticá-lo duramente, não terei o menor problema em fazê-lo. Só ainda não enxerguei motivo de maior relevância para isso. Portanto, na minha leiga análise eu desenharia o ataque rubro-negro da seguinte forma: Souza e Marcinho de titulares (não absolutos). Tardelli ou Maxi entrariam no lugar do Marcinho por jogarem mais abertos. O argentino precisa ser mais aproveitado senão nunca saberemos se ele realmente serve para ficar ou não. Caso contrário será mais um “El Tigre” que passará pela Gávea. Ou a depender da situação, sacaria um dos meias de armação e recuaria o Marcinho para a vaga. Obina, pelas suas características, seria o reserva imediato do Souza. Claro que há várias outras possibilidades que o elenco permite. Hoje eu vejo o Fla como um tabuleiro de xadrez. As peças estão ao alcance, mas é preciso ter paciência e sabedoria para mexer as mesmas e avançar com inteligência. O Joel é mestre nisso e estamos em ótimas mãos.

Ao xeque-mate no domingo, pois, para que o nosso exército rubro-negro ganhe ainda mais poder de fogo e rume fortalecido à conquista do reino continental. Agora sim, É PRA VALER!

Rumo ao Bi (da Guanabara, do Carioca, da Liberta e do Mundial), Mengão!!!

Na próxima semana tem mais, sob a áurea da vitória. SRN e até lá, se Deus quiser!