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Flamengo apresenta diagnóstico técnico e novo projeto para o estádio do Gasômetro

Bap e FGV detalham inconsistências do plano anterior e apresentam proposta realista de custos, prazos e financiamento para viabilizar estádio

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Na noite desta quarta-feira (17/09), o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, apresentou ao Conselho Deliberativo, junto com Alexandre Rangel, sócio da RRA Consultoria, e Ricardo Simonsen, Henrique Castro e Bauer Rachid, da FGV Conhecimento, as conclusões dos estudos de campo de sondagem, arbóreo, topografia, patrimônio histórico e descontaminação do terreno do Estádio do Gasômetro, realizado por cinco empresas contratadas. 

O trabalho da atual gestão, iniciado há sete meses, teve como premissa fundamental viabilizar a construção de um estádio próprio sem que o clube precise se tornar uma SAF e sem comprometer o desempenho esportivo. Para isso, foram adotadas medidas como a criação de um time exclusivo de gestão do projeto, a recontratação da Arena – responsável pelo projeto inicial – para apoio técnico, a condução do estudo de viabilidade pela FGV, a realização de análises aprofundadas do terreno, a resolução de pendências com AGU, Prefeitura e Naturgy, além da avaliação de alternativas de estádio.


Nesse período, uma equipe de especialistas se dedicou a desenvolver um projeto viável, corrigindo distorções de origem que envolviam custos subestimados, prazos irreais, receitas superestimadas e um modelo de financiamento insustentável. 

Ricardo Simonsen, diretor técnico, e Henrique Castro, professor de Economia da FGV EESP, detalharam como os custos foram subestimados no projeto apresentado. A FGV calculou o custo final atualizando a inflação, contingências, e insumos em R$ 2,66 bilhões. Com a inclusão do custo de capital o valor total do estádio é de R$ 3,1 bilhões. O valor apresentado pela gestão anterior na proposta orçamentária era de R$1,9 bilhão.

Além disso, as receitas projetadas foram superestimadas. Segundo a análise da FGV, o plano considerava um valor médio de ingresso de R$ 195,44 — mais que o dobro da média atual —, com 30% dos assentos classificados como VIP ou Premium, o dobro do que existe hoje no Maracanã. Foi planejado um estádio complexo e elitizado. Também estavam inflados patrocínios de R$ 60 milhões e a antecipação da receita de Naming Rights. Além disso, os valores das CPACs, estimados inicialmente em R$ 552 milhões, foram recalculados pela FGV para R$ 194 milhões.

Os prazos também foram revistos. O cronograma original ignorava etapas essenciais, como o remanejamento da Naturgy, que ocupa hoje 55% do terreno, com uma subestação de bombeamento de gás para a região metropolitana do Rio de Janeiro. Conforme o comunicado da Naturgy enviado ao Flamengo em 10 de setembro de 2025, o tempo estimado de remanejamento é de quatro anos, após a obtenção de novo endereço para a instalação da subestação, a cargo da Prefeitura. 

Segundo a Aecom, empresa contratada para planejar as estratégias de descontaminação, existem 21 estudos públicos que demonstram a complexidade da contaminação do terreno, tornando o prazo de cinco meses de descontaminação propostos no planejamento de 2024 irreais. Além disso, o relatório preliminar da FGV apontou um prazo para a descontaminação entre 18 e 24 meses, após a saída da Naturgy. Sem essa etapa, não há a possibilidade de obter as licenças necessárias para iniciar a construção. 

Na prática, isso significa que a obra não poderia começar em menos de seis a sete anos, aos quais se somariam outros três anos de construção — projetando a entrega do estádio a partir de 2034, o que torna o prazo de inauguração em dezembro 2029 previsto pela gestão anterior completamente irreal.  

A fim de viabilizar o estádio, os especialistas da FGV e Arena apresentaram proposta de novo projeto, baseado em premissas mais realistas e com perfil mais popular e identificado ao Flamengo.

Estádio otimizado de 72 mil lugares, com foco na redução de assentos premium 

Custo revisado de R$2,2 bilhões, incluindo o estádio, contingências, terreno, custo de capital e custo do entorno.

Prazo de conclusão mínimo em julho de 2036, dependendo de diversos fatores externos.

Estratégia de financiamento viável baseada na geração de recursos internos (poupança). 

Lastro no aumento de receitas orçamentárias e rentabilidade, sem gerar impacto na performance esportiva.

Antes de encerrar a reunião, o presidente Bap apresentou os próximos passos. No curto prazo, o foco será o acompanhamento do processo de remanejamento da Naturgy junto à Prefeitura, a demolição e limpeza do terreno sob responsabilidade do Flamengo, o acompanhamento da aprovação legislativa das CPACs e a assinatura do Termo Definitivo com a AGU, a Caixa e a Prefeitura. Já no médio e longo prazo, a prioridade será a estruturação do projeto executivo para a construção do estádio.


Imagem Flamengo