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Rubro-negra ilustre, Marilene Dabus morre aos 80 anos

Apaixonada pelo Flamengo, jornalista foi a primeira mulher a cobrir futebol no Brasil

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A sexta-feira (17) amanheceu mais triste para os rubro-negros. Marilene Dabus, uma das figuras femininas mais ilustres e importantes da história do Clube de Regatas do Flamengo, faleceu aos 80 anos, no Rio de Janeiro, após longa luta contra o câncer. A jornalista foi a primeira mulher a cobrir partidas de futebol no Brasil, desbravando um universo até então majoritariamente masculino. Em 1969, a rubro-negra aceitou participar de um programa de conhecimentos na extinta TV Tupi, respondendo questões exclusivamente relacionadas à sua maior paixão: o Flamengo. A repercussão foi tão positiva que Marilene ficou conhecida nas ruas como a “moça do Flamengo”.

Quando Marilene Dabus apareceu na Gávea para cobrir um treino do Flamengo, no fim da década de 1960, para o jornal Última Hora, foi uma revolução. De minissaia e salto alto, foi recebida com desconfiança (para dizer o mínimo) pelos repórteres que acompanhavam o dia a dia do Rubro-Negro. Os jogadores, por sua vez, ficaram de boca aberta. O mesmo aconteceu com os dirigentes. Marilene tirou de letra.

Marilene Dabus ao lado de Zico, o

Em meados da década de 1970, Marilene Dabus foi chamada para integrar a Frente Ampla pelo Flamengo (FAF), partindo dela o convite para que Márcio Braga fosse candidato à presidência do clube. O então candidato venceu as eleições e convidou Marilene para fazer parte da sua gestão, modernizando o Flamengo e apresentando ao mundo um dos maiores times da história do Mais Querido, liderado pelo ídolo Zico. Não custa lembrar que foi ela quem fez a primeira entrevista com o maior jogador da história rubro-negra, em 1971, quando Zico era apenas o irmão mais novo de Edu, craque do América. Então repórter do Jornal dos Sports, ela cravou: “Hoje ele é irmão de Edu, mas amanhã irão falar muito dele”. Sabia das coisas a nossa Marilene. Também foi a primeira mulher a entrevistar Pelé, na preparação para a Copa de 70. O rei do futebol a recebeu com desconfiança. “E mulher entende de futebol”, desdenhou o craque. Marilene não se abalou. Driblou a desconfiança do Rei e fez uma matéria exclusiva, que foi capa do Jornal dos Sports. “Ganhei visibilidade e notoriedade”, recordou ela em sua biografia, “A moça do Flamengo”, lançada ano passado.

Mulher à frente de seu tempo, Marilene foi a responsável por criar estratégias e iniciativas de comunicação que foram fundamentais para que o Rubro-Negro pudesse alavancar sua torcida. Inclusive, nos anos 80, Dabus exerceu o cargo de vice-presidente de Comunicação do clube. A jornalista também criou o “Baile do Vermelho e Preto”, além da primeira boutique do Flamengo. Mais recentemente, apelidou o Centro de Treinamento George Helal, em Vargem Grande, de “Ninho do Urubu”. “Tive a ideia quando fazíamos um mutirão para limpar o terreno. Disseram que urubu não fazia ninho. Respondi que aqui ia fazer”. Marilene foi ainda a primeira assessora de imprensa do Mais Querido. Mais uma porta aberta por ela.

Neste sábado (18), será respeitado um minuto de silêncio em homenagem à jornalista antes da partida de estreia do Flamengo no Campeonato Carioca contra o Macaé, às 16h (de Brasília), no Maracanã.
 
A família Dabus e o Flamengo convidam a todos para o velório e a cremação, amanhã (18/01), das 11h às 14h, na Capela 3 do Memorial do Carmo.

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, decretou luto oficial de três dias.